Artigo 
18/08/2021
Desigualdade social é problema de todos, diz Luiza Trajano

Por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi*

 

“Acredito que a epidemia e essa tristeza profunda abriu essa fresta: o mundo, e os milionários do mundo, a maioria deles estão ensinando que não adianta acumular uma fortuna muito grande se tiver um país pobre. A desigualdade social bate em todo mundo”.

 

A frase, que resume bem o Brasil de 2021, foi dita pela empresária Luiza Trajano, em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, do Instituto MOL e do Movimento Bem Maior, com apoio do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).

 

Blindados dos efeitos mais imediatos das oscilações econômicas e sociais, muitos empresários têm dificuldade de se ver como parte da sociedade brasileira, segundo a empresária. Pressionados pela dura realidade escancarada pela pandemia e por consumidores cada vez mais atuantes e conscientes, muitos passaram a repensar seu papel na construção de um país diferente.

 

Trajano é presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do movimento de empresárias Grupo Mulheres do Brasil. Atualmente lidera a união do setor corporativo em torno do programa Unidos pela Vacina, que tem como meta contribuir para a vacinação contra a covid-19 de 70% dos brasileiros até setembro de 2021.

 

Ela defende o sucesso da mobilização trazida pela iniciativa, que se propõe a oferecer vacinas e infraestrutura para viabilizar a vacinação em todo o território brasileiro, através do SUS (Sistema Único de Saúde). Mais do que uma doação financeira, o programa também possibilitou o contato de doadores com a realidade dos municípios auxiliados.

 

“Os doadores não só dão o dinheiro para a gente fazer, eles vão lá e fazem, de acordo com um checklist que montamos. Aumenta o nível de consciência quando a pessoa não dá só o dinheiro, mas vai na ponta, vê a dificuldade”, contou.

 

Diante da enorme mobilização de doações empresariais vista desde o início da pandemia, Trajano vê um caminho sem volta, que já não depende só do desejo individual da empresa. “O que eu mais tenho escutado é isso: será que vai continuar? O que eu tenho dito é que a cultura da doação entrou”, disse.

 

Parece cedo para afirmar que a doação empresarial vai ter vida longa pós-pandemia, mas é bastante promissor ver uma das principais vozes do empresariado nacional se colocar a favor da mobilização da sociedade civil para a construção de um país menos desigual e, de fato, para todos.

 

*Texto publicado na coluna Razões para Doar, de Época Negócios, em maio de 2021.

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