Por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi*
Na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no último dia 5, as notícias não foram das melhores. Segundo o Atlas da Mata Atlântica, esse bioma perdeu o equivalente a 18 mil campos de futebol de cobertura vegetal entre 2019 e 2020. Invasores desmatam e loteiam área em floresta nacional de Rondônia — tudo transmitido em canal no YouTube. O Brasil ainda não aderiu ao protocolo ambiental internacional para redução de gases do efeito estufa na fabricação de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, posição compartilhada apenas com o Iêmen.
Ao invés de desanimar, é preciso olhar a floresta e não só as árvores, com perdão do trocadilho. Vivemos, ao mesmo tempo, um apelo crescente por métricas sustentáveis, programas de compensação de carbono e explosão da agenda ESG (ambiental, social e de governança) em empresas. Os consumidores exigem mais transparência e cadeias mais limpas e justas, e estão dispostos a pagar mais por isso, inclusive.
Ao invés de nos rendermos ao barulho ensurdecedor da motosserra, podemos apoiar quem luta para reflorestar, conter o desmatamento e convencer a população de que a floresta em pé é vantagem para toda a sociedade.
Para Victoria Bastos, coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas do Idesam, organização que atua há mais de 15 anos na Amazônia, uma das formas de atingir esses objetivos é apoiar o mercado de créditos de carbono, que compensa as emissões investindo em reflorestamento.
“Quando mostramos que a floresta presta um serviço para nós através de estoque do carbono e manutenção dos serviços ecossistêmicos e ambientais daquela floresta, é muito mais fácil engajar os parceiros. Fica claro que a não é uma simples doação, mas que a gente também vai receber algo em troca com isso”, afirmou em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL e pelo Movimento Bem Maior.
Para neutralizar nossas emissões, primeiro, é preciso conhecê-las. Qual o meio de transporte que utilizo, e em que tipo de combustível ele roda? Que produtos consumo, e como eles foram produzidos? Qual o meu gasto com energia elétrica? No caso de empresas, quais os pontos dessa cadeia de produção que geram emissões? O próprio Idesam disponibiliza em seu site uma calculadora para contabilizar a sua pegada ecológica.
Com essa informação em mãos, partimos para a parte prática. Há uma série de organizações da sociedade civil que oferecem programas de replantio de árvores, ou mesmo a “adoção” de um exemplar por alguns meses e até anos — citamos alguns exemplos no episódio do podcast indicado abaixo.
Nossas doações e atitudes podem contribuir para quebrar a inércia de más notícias e impactar positivamente a preservação ambiental. Temos um ano pela frente até o próximo Dia Mundial do Meio Ambiente, e muitos motivos para se engajar desde já.
*Texto publicado na coluna Razões para Doar, de Época Negócios, em junho de 2021.