Artigo 
18/08/2021
Impacto social virou diretoria: nova tendência da onda ESG

Por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi*

 

Em janeiro de 2020, uma carta aberta de Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, deu um recado simples e claro: o comprometimento com sustentabilidade e responsabilidade social são uma exigência para ter competitividade no mercado global.

 

Uma pesquisa de 2017 da Nielsen revelou que 81% dos consumidores acreditam que as empresas precisam colaborar com o meio ambiente e 49% estão, inclusive, dispostos a pagar mais por serviços e produtos sustentáveis. Seja por pressão do mercado ou dos consumidores, o fato é que as coisas estão mudando.

 

“O que está acontecendo agora é que se começou a pensar sobre o impacto na sociedade do ponto de vista de negócios. Então, as conversas são mais atreladas não só ao que a empresa faz do ponto de vista social, mas tudo o que ela realiza tem um impacto social e como ela endereça cada uma das questões”, afirma Jef Martins, diretor de comunicação e impacto social da agência de publicidade Leo Burnet, em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL e pelo Movimento Bem Maior.

 

O cargo de Martins, diretor de impacto social (ou CIO, Chief Impact Officer), chamou a atenção recentemente com o anúncio de um ocupante “real” da posição. O príncipe Harry, que rompeu com a monarquia inglesa, assumirá o cargo na BetterUp, uma startup do Vale do Silício que faz treinamentos voltados para a saúde mental e desenvolvimento pessoal. Nas últimas semanas, o Nubank anunciou a criação de uma diretoria global de ESG-Impacto, a ser comandada por Christianne Canavero.

 

A função pode não parecer tão nova, visto que há anos as posições de diretor(a) de sustentabilidade ou diretor(a) de responsabilidade social têm se proliferado pelo mundo corporativo. A diferença, segundo Martins, é que as discussões que envolvem a temática ESG (ambiental, social e de governança) hoje são vistas como estratégicas, e não como algo à parte, quase opcional.

 

Com um profissional dedicado a olhar para o impacto social de uma empresa — criando inclusive métricas e metas a serem alcançadas —, é possível ganhar consistência e qualidade na agenda sustentável. Isso agrada também ao consumidor, cada vez mais preocupado com a pegada ecológica e social de suas escolhas.

 

Para o diretor da Leo Burnet, essa tendência mostra que as empresas estão começando a entender que são agentes importantes para o funcionamento da sociedade, e que podem ser cobradas como tal.

 

“Minha função vem muito no caminho de contribuir para olhar a corporação de forma holística, pensar em todos os pontos de contato para dentro e fora da empresa. Como vamos casar o que a gente faz, o que a gente acredita e causar o melhor impacto social diante da nossa estratégia de negócios?”, conclui.

 

*Texto publicado na coluna Razões para Doar, de Época Negócios, em maio de 2021.

Você pode gostar também
Artigo 
17/11/2021
Quem doa é mais feliz? Ouça conversa com neurologista
Por Rodolfo Stipp Martino*   Ao fazer uma doação ou atuar como voluntário, um sentimento especial de prazer e satisfação costuma surgir ao se dar conta de que o seu gesto vai tornar a vida de alguém melhor.   Sobre essa percepção, vários estudos foram feitos pelo mundo, e os resultados sugerem que a ação de generosidade pode, sim, ter impacto positivo na saúde de…
Ler mais
Artigo 
17/11/2021
Marcus Rashford, Dolly Parton e Percepções Públicas da Filantropia
Por Rhodri Davies, Chefe de Política da CAF*   Foi relatado essa semana que uma potencial vacina de Covid-19 com resultados iniciais de testes muito promissores foi financiada em parte por uma doação de US$ 1 milhão da lendária cantora country Dolly Parton. Essa notícia foi recebida com deleite pelos usuários de internet, que aproveitaram a oportunidade para criar uma série de memes relacionados a…
Ler mais
Artigo 
17/11/2021
Filantropia e futebol moderno
Por Andy Frain, gerente de Campanhas e Relações Públicas da CAF*   “Three Lions” pode ser, de fato, a trilha sonora da campanha da Inglaterra na Euro 2020, mas, na verdade, é o rap de John Barnes em “World in Motion” que realmente captura o espírito desse time inglês. Cínicos podem sugerir que a lenda de Liverpool estava falando de atividades em campo antes da…
Ler mais