Artigo 
17/11/2021
Quem doa é mais feliz? Ouça conversa com neurologista

Por Rodolfo Stipp Martino*

 

Ao fazer uma doação ou atuar como voluntário, um sentimento especial de prazer e satisfação costuma surgir ao se dar conta de que o seu gesto vai tornar a vida de alguém melhor.

 

Sobre essa percepção, vários estudos foram feitos pelo mundo, e os resultados sugerem que a ação de generosidade pode, sim, ter impacto positivo na saúde de quem a faz, conforme mostra o podcast Aqui Se Faz, Aqui Se Doa em seu episódio n° 41, o primeiro da segunda temporada.

 

O programa, produzido pelo Instituto MOL e pelo Movimento Bem Maior, com o apoio do InfoMoney, teve o tema “Quem doa é mais feliz?” e entrevistou o diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília, o médico Ricardo Teixeira. “A gente tem um conjunto de evidências bem robusto hoje para entender o quanto as ações altruístas fazem bem para o nosso cérebro e para o nosso bem-estar”, disse o neurologista.

 

Ele explicou de uma forma clara como o corpo processa os atos de generosidade e citou alguns dos prováveis benefícios para a saúde. Ou seja, quando uma pessoa tem a compreensão que ela faz parte do mundo e age para ajudar quem está ao seu redor, ela também pode se sentir melhor fisicamente e mentalmente.

 

“A gente pode conversar muito sobre hormônio, circuito, cérebro, mas tem uma coisa fundamental também que é o envolvimento que você vai criando com a questão do pertencimento a uma coisa maior do que o seu próprio umbigo. Isso, de certa forma, vai crescendo quando você para de olhar só para você. Esse pertencimento também é cerebral. Isso vai te dando prazer e vira círculo virtuoso”, afirmou.

 

Teixeira declarou também que as pessoas tendem a sentir mais os efeitos positivos quando enxergam que o apoio doado traz resultados diretos, que está sendo importante na vida de alguém. “É muito mais fácil o cérebro ‘vibrar’ com esse fazer o bem ao ver esse alvo concreto na minha frente, vendo resposta tão rápida.”

 

Além da entrevista, o Aqui Se Faz, Aqui Se Doa trouxe vários dados de pesquisas sobre o assunto. Um dos casos citados foi o estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley que mostrou que pessoas de 55 anos que eram voluntárias tinham 44% menos chances de morrer nos cinco anos seguintes do que aquelas que não eram.

 

Outro exemplo falado no programa foi o do trabalho realizado pela Universidade da Columbia Britânica que indicou que quem doou US$ 5 teve os mesmos efeitos positivos de quem doou US$ 20, o que representa que os benefícios não estavam relacionados ao valor dado, mas sim ao gesto de querer ajudar.

 

E quem conhece bem esse prazer de levar o bem a outras pessoas é o empreendedor social Tiago Silva, conhecido como Mochileiro pela Educação. Ele, que viaja pelo Brasil distribuindo livros para as pessoas e instituições, falou sobre a sua experiência ao podcast.

 

“Fazer a doação e ir para comunidades fazer os trabalhos voluntários, levando a mensagem da educação que salva vidas, levando as oficinas para potencializar os sonhos e as carreiras desses jovens e dessas crianças me faz muito bem. Mudou a minha forma de ver o mundo, a humanidade”, disse Tiago.

 

*Texto publicado no Infomoney, em novembro de 2021.

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