Artigo 
18/08/2021
Doação é permanente, não pode ser só fogo de palha, diz Eduardo Giannetti

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Por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi*

 

“Nós temos no Brasil uma cultura do arroubo, com um momento de grande entusiasmo, mas que não dá sequência. De repente, um assunto ganha tremenda adesão, mas tem vida curta, é fogo de palha. Nós precisamos trabalhar para dar mais consistência às nossas iniciativas.”

 

Essa frase, do economista e escritor Eduardo Giannetti, reflete bem o momento que vivemos na pandemia do novo coronavírus. Depois do recorde de doações no início de 2020, o assunto foi perdendo espaço e os recursos para o terceiro setor voltaram a escassear. Agora que vivemos uma situação crítica da pandemia e de suas consequências — sendo a fome a mais cruel e visível —, as doações já não mobilizam tanto os indivíduos e as empresas.

 

“As pessoas têm que perceber a interdependência, estamos juntos nesse país. O que acontece ao nosso redor nos diz diretamente respeito, e não adianta pensar que nós não temos nada a ver com isso. Nós temos tudo a ver e somos, em parte, responsáveis”, completa o economista, em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, do Instituto MOL e do Movimento Bem Maior, com apoio do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).

 

Se estamos juntos nessa situação, como bem pontua Giannetti, precisamos encarar nossas deficiências e planejar um país melhor, todos os dias, com consistência.

 

Doar para organizações da sociedade civil é uma das formas de contribuir para mudar os nossos trágicos dias. Passado um ano de atuação intensa, as ONGs continuam a alimentar, fornecer máscaras, álcool gel e outros equipamentos de proteção, apoiar o ensino à distância e o atendimento médico de qualidade — quando falta até mesmo oxigênio.

 

Para quem acha que já está fazendo a sua parte, e que o problema está nos outros, o economista é taxativo: “Todos nós não nos reconhecemos no país que nos cerca. E, no entanto, o resultado de todos nós juntos é rigorosamente o Brasil que aí está”, diz.

 

Essa chama que acendeu a solidariedade do brasileiro no início do ano passado ainda está entre nós, e pode ser direcionada para uma transformação duradora da nossa sociedade. Basta nos olharmos sem vaidade, e passarmos a contribuir para construir o futuro que queremos viver.

 

*Texto publicado na coluna Razões para Doar, de Época Negócios, em abril de 2021.

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