Doação é permanente, não pode ser só fogo de palha, diz Eduardo Giannetti

“Nós temos no Brasil uma cultura do arroubo, com um momento de grande entusiasmo, mas que não dá sequência. De repente, um assunto ganha tremenda adesão, mas tem vida curta, é fogo de palha. Nós precisamos trabalhar para dar mais consistência às nossas iniciativas.”

Essa frase, do economista e escritor Eduardo Giannetti, reflete bem o momento que vivemos na pandemia do novo coronavírus. Depois do recorde de doações no início de 2020, o assunto foi perdendo espaço e os recursos para o terceiro setor voltaram a escassear. Agora que vivemos uma situação crítica da pandemia e de suas consequências — sendo a fome a mais cruel e visível —, as doações já não mobilizam tanto os indivíduos e as empresas.

“As pessoas têm que perceber a interdependência, estamos juntos nesse país. O que acontece ao nosso redor nos diz diretamente respeito, e não adianta pensar que nós não temos nada a ver com isso. Nós temos tudo a ver e somos, em parte, responsáveis”, completa o economista, em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, do Instituto MOL e do Movimento Bem Maior, com apoio do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).

Se estamos juntos nessa situação, como bem pontua Giannetti, precisamos encarar nossas deficiências e planejar um país melhor, todos os dias, com consistência.

Doar para organizações da sociedade civil é uma das formas de contribuir para mudar os nossos trágicos dias. Passado um ano de atuação intensa, as ONGs continuam a alimentar, fornecer máscaras, álcool gel e outros equipamentos de proteção, apoiar o ensino à distância e o atendimento médico de qualidade — quando falta até mesmo oxigênio.

Para quem acha que já está fazendo a sua parte, e que o problema está nos outros, o economista é taxativo: “Todos nós não nos reconhecemos no país que nos cerca. E, no entanto, o resultado de todos nós juntos é rigorosamente o Brasil que aí está”, diz.

Essa chama que acendeu a solidariedade do brasileiro no início do ano passado ainda está entre nós, e pode ser direcionada para uma transformação duradora da nossa sociedade. Basta nos olharmos sem vaidade, e passarmos a contribuir para construir o futuro que queremos viver.

Read also