Transcrição EP#65 – Toda doação é bem-vinda?

Roberta: A gente costuma usar este espaço do podcast pra falar constantemente sobre a importância de doar e as várias faces que formam a cultura das doações aqui no Brasil. Então, se uma pessoa ou uma empresa está disposta a doar seu dinheiro, seu tempo e seus recursos para o terceiro setor, essa atitude é sempre bem-vinda e aceita com alegria, certo? Bom, mais ou menos. Na verdade, várias instituições fazem análises detalhadas das doações que recebem e se reservam o direito de recusar algumas delas por uma série de razões. É o caso de uma organização do tamanho do Greenpeace, por exemplo. E é de lá que vem a nossa entrevistada de hoje, a Carolina Pasquali, que é diretora-executiva da instituição aqui no Brasil e vai falar de como funciona essa por lá essa restrição a determinadas doações.

 

Roberta: Eu sou Roberta Faria

 

Vanessa: Eu sou Vanessa Henriques

 

Roberta: E a restrição a doações é o tema de hoje no…

 

Jogral: Aqui se Faz, Aqui se Doa!

 

Vanessa: Está começando mais um Aqui se Faz, Aqui se Doa, o seu podcast semanal sobre cultura de doação produzido pelo Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior, da Morro do Conselho Participações e da Ambev e divulgação do Infomoney.

 

Bom, eu estou aqui assumindo a cadeira do Arthur mais uma vez, mas é só por hoje.

 

Roberta: Bem vinda, querida!

 

Vanessa: Obrigada! E hoje a gente vai falar de um tema que às vezes pode até parecer um pouco estranho você falar. E como assim? Uma doação não é bem vinda? O que a gente quer dizer com esse título? Mas a gente vai explicar melhor o que isso significa.

 

Roberta: Eu tenho, a princípio, um espírito Robin Hood assim, né? Então acho que tem que tirar dinheiro de todo mundo que está sobrando aí e dá para quem está precisando. Mas é importante a gente explicar bem porque, enfim. Em primeiro lugar, boa parte das instituições que trabalham dessa forma com recursos restritos, são organizações muito grandes, muitas delas de alcance internacional. Hoje a gente vai receber aqui uma representante do Greenpeace, mas outros exemplos conhecidos são os Médicos Sem Fronteiras e a World Childhood Foundation.

 

Vanessa: Geralmente, o motivo para restringir doações tem muito a ver com a ação dos indivíduos e principalmente das empresas que fazem essa doação. Algumas instituições estabelecem regras claras sobre quem pode trabalhar e quem pode doar. E esses doadores precisam ter uma atuação no dia a dia que seja adequada à política e aos ideais da organização, ainda que tenham muita vontade de contribuir. Precisa ser uma coisa mais coerente.

 

Roberta: Sim, até porque às vezes nem é uma grande vontade de contribuir, mas uma grande vontade de limpar a barra, né? Só pra coisa não ficar muito no ar, vamos dar alguns exemplos de como isso funciona. A Childhood Brasil, uma organização de proteção à infância e adolescência, diz em seu regulamento que não pode receber recursos de pessoas e empresas que atuem fora da legislação de defesa da criança e do adolescente. Uma questão bem natural, certo?

 

Vanessa: Faz todo o sentido. Muitas vezes, uma recusa de doação costuma vir de uma questão moral ou de um conflito muito claro de interesses. Aquele dinheiro pode vir de uma atividade que piora justamente o problema que a instituição está buscando combater. Ou uma empresa. Uma pessoa pode ter uma série de questões éticas questionáveis e até criminais que tornam essa doação de certa forma indesejada.

 

Roberta: Lá em 2016, por exemplo, o Médicos Sem Fronteiras passou a recusar doações vindas da União Europeia por ser contra suas políticas para conter a chegada de refugiados. Em 2020, a ONG norte-americana This Is My Brave, voltada para a saúde mental, ficou conhecida na mídia por se negar a receber uma doação da atriz e cantora de Jamie Lynn Spears. Isso porque Jamie vinha sendo muito criticada por não apoiar o fim da tutela de sua irmã Britney Spears com o pai.

 

Vanessa: A gente está trazendo aqui uma série de casos internacionais, que é o que a gente ouve mais falar, mas não quer dizer que isso também não possa acontecer no Brasil, né? Enfim, e também acho que tem uma questão de áreas, de temas, que isso é mais fácil de aparecer. Então, por exemplo, uma organização de proteção animal, é mais fácil você ouvir falar que ela recuse uma doação de uma empresa que está causando dano à natureza. Tem muito essa questão da coerência e do ativismo, mesmo da organização.

 

Roberta: E, claro, tem as questões óbvias. Por exemplo, o GRAACC, famoso hospital de combate ao câncer infanto-juvenil, não aceita doações de empresas ligadas a armas de fogo, fumo, álcool, enfim, coisas que não fazem sentido com a sua atuação pela saúde. Contribuir com causas relevantes também é essencial para empresas que queiram ganhar o selo ESG, de governança ambiental, social e corporativa. Como esse é um rótulo que traz várias vantagens para as empresas, o ideal é que as organizações do terceiro setor tentem identificar e controlar para que elas mesmas não sejam usadas de forma indevida nesse processo. Como eu falei antes, pra de repente limpar a barra de uma empresa e enfim, parecer que ela está fazendo coisas boas, quando na verdade, no meio do seu negócio ela está prejudicando aquela mesma causa. Então por isso, estabelecer algum processo de seleção com empresas e grandes doadores pode ser importante, para conhecer melhor os objetivos do doador, saber se ele tem um projeto definido para aquela causa e no que aqueles recursos vão poder contribuir.

 

Vanessa: E é assim também para fazer um pouco o advogado do diabo aqui também. A gente não pode exagerar muito nessa avaliação de doador. Acho que é bom dizer que não existe doador perfeito sem nenhum problema. Isso vai valer para empresas, vai valer para pessoas, vai valer para órgãos governamentais. Então, às vezes, o espírito Robin Hood, que você comentou Roberta, também precisa ser equacionado, nesta balança. Um exemplo são as organizações que avaliam caso a caso. Às vezes, você não precisa ter exatamente uma política que serve para todo mundo, mas você faz uma avaliação um pouco mais profunda quando a situação pede.

 

Roberta: Todo esse debate, aliás, está centrado numa questão que é essencial para a cultura de doação, mas que nem todo mundo sabe como funciona. Vamos ouvir um pouco sobre o que é captação de recursos?

 

Rafa Carvalho: Olá querido ouvinte do que Aqui se faz, Aqui se doa! Bom, falando sobre captação de recursos, não é nenhuma novidade que nenhuma organização se mantém sem ter recursos, certo? No terceiro setor, a captação de recursos nada mais é do que o processo estruturado dentro de uma instituição para pedir contribuições voluntárias. Aí essas contribuições podem vir de várias formas, dependendo da estratégia utilizada. E também podem ser de vários tipos, dos tradicionais recursos em dinheiro à doações de objetos, móveis e brinquedos ou até do tempo do doador, que aí passa a prestar apoio como voluntário.

 

Apesar de várias outras instituições também captarem recursos, como produtoras culturais ou até partidos políticos, é só no terceiro setor que essa atividade é crucial para manter uma organização viva e funcionando. Portanto, dentro de uma OSC, não tem como nem pensar em negligenciar a atividade. Ela depende de uma equipe engajada em trazer ideias e soluções que, além de tudo, sejam adequadas aos propósitos da organização.

 

As opções são muitas: ir às ruas para pedir contribuições, participar de editais dos setores público e privado, criar uma fundação voltada só para isso, organizar eventos e campanhas, entre várias outras coisas. E, se a instituição quiser ser mais cuidadosa na escolha de quem vai doar esses recursos, precisa implementar nesse momento de captação uma análise detalhada de perfis. Tudo entra numa estratégia maior, que é diretamente responsável por manter vivo o coração pulsante da instituição. Então não dá nem pra pensar em não se organizar, né? Eu sou Rafaela Carvalho, e toda semana ajudo a desvendar um termo importante para a cultura de doação. Até o próximo episódio!

 

Roberta: Valeu mais uma vez, Rafa! Se depender de você e das suas informações, nenhuma ONG fica desamparada.

 

Vanessa: A gente está aqui falando a um bom tempo do que pode levar a uma organização do terceiro setor a recusar uma doação. Só que esses casos são muito poucos, em comparação com os doadores que são aceitos até nas instituições com critérios mais rígidos.

 

Roberta: Sem dúvida nenhuma. E a gente tem como um exemplo um caso recente do Fundo Frida, uma organização internacional que apoia e incentiva, amplia vozes de jovens feministas no mundo. Em março agora, elas receberam uma doação de 10 milhões de dólares da Mackenzie Scott, a grande bilionária filantropa americana que foi fundadora da Amazon junto com seu ex-marido, o bilionário também cofundador da Amazon, Jeff Bezos.

 

Vanessa: Ela reconheceu que o dinheiro doado vem de uma empresa conhecida por práticas danosas em todo o mundo, como trabalho escravo, evasão fiscal, forte impacto ambiental. Então, reconheceu ali que era uma questão, uma doação problemática, que vinha de uma fonte que, de certa forma, não combinava com o propósito do Frida. Só que a organização fez um manifesto que a gente vai deixar o link para quem tiver interesse. Ela reconhece que não existe nenhum dinheiro totalmente limpo. Resolveu aceitar a doação e justamente encarando receber esse recurso como uma forma de reparar parte dos danos causados pelo capitalismo exploratório. Reforçando esse posicionamento da Mackenzie Scott, que está usando a sua posição de privilégio para causar um impacto positivo relevante no mundo.

 

Roberta: Esse é um ótimo exemplo para tratar desse assunto. É um manifesto muito legal que todo mundo deveria ler e ao mesmo tempo em que a gente vem nesse episódio, enfatizando a importância das organizações analisarem mais profundamente e, se for o caso, recusarem doações importantes para uma causa. Essa história faz a gente também refletir sobre os critérios usados e o ponto de equilíbrio necessário para que também a gente não fique num buraco sem saída de não ter de onde vir recursos para justamente fazer a nossa luta funcionar.

 

Vanessa: E o que a gente falou? Não existe doador perfeito. Se você pensar numa organização internacional que tem um alcance enorme, fica ainda mais complicada uma série de fatores adicionais que você tem para analisar.

 

Roberta: E quando você fala em organizações mundiais com tanta visibilidade, é claro que uma das primeiras que vem à cabeça é justamente o Greenpeace. Ele está entre as que têm fontes de recursos mais restritas, entre todas essas que a gente citou que ao longo do programa, agora a gente vai bater um papo sobre esse assunto com a Carolina Pasquali, que é diretora executiva da instituição no Brasil. Ela, que tem formação como jornalista e já foi editora do Grupo Abril, esteve à frente do Instituto Alana por vários anos, também como diretora executiva.

 

Roberta: Carol, ficamos muito felizes e honrados em te ter no nosso podcast. Seja bem vinda. Obrigada por ter vindo!

 

Carolina: Obrigada pelo convite e estou feliz de estar aqui.

Roberta: Querida, para começar a contar pra gente um pouquinho. Como começou seu envolvimento com o terceiro setor? Eu sei que você já estava há mais de dez anos na área de comunicação quando começou a empreender socialmente com o Design for Change aqui no Brasil. E daí? Nunca mais saiu desse lugar de lutar por um mundo melhor. Conta um pouquinho mais pra gente.

 

Carolina: Pois é, eu acho que a minha virada é bem clichê. Veio assim. Acho que eu encontrei o eco em várias outras histórias por aí. Eu tive uma filha. Eu me lembro assim de olhar para aquele pequeno bebê que não dormia noite do alto da minha privação de sono e pensar o que eu posso fazer de melhor por ela? Assim, será que eu tenho que juntar muito dinheiro para garantir uma faculdade em algum país que ela venha porventura desejar? Ou será que eu tenho essa coisa que você começa a tentar imaginar, ali. E eu acho que, agradeço até, por esse momento ali de luz, porque acho que ali veio para mim muito forte, que o que de melhor eu podia fazer por ela era buscar a minha própria realização. Assim, ter certeza que eu estava no caminho, que eu queria estar fazendo, as escolhas que eu queria fazer, para não projetar nada nela, e não ser aquela pessoa frustrada que vai projetando na filha aquilo que não conseguiu realizar.

 

 

Vanessa: E entrando um pouquinho no tema do episódio: a gente sabe que no terceiro setor a gente tem que ter uma série de recursos, de fontes de recursos para se manter funcionando. É parte do jogo, né? Ao mesmo tempo, é possível você selecionar esses recursos e pensar o que faz mais sentido, né? O Greenpeace é um caso muito conhecido de que não aceita doação de empresas, de governos, de políticos, só de indivíduos. Eu queria que você contasse um pouco para a gente. Qual é o propósito por trás dessa escolha?

 

Carolina: Essa é uma escolha que o Greenpeace fez há 50 anos atrás, quando nasceu. Sempre foi assim e aqui no Brasil também. E essa é uma escolha que tem absolutamente tudo a ver com a independência de atuação, com o poder fazer e falar aquilo que a gente acha necessário, sem correr riscos de qualquer tipo de retaliação por parte de um financiador. O Greenpeace não aceita dinheiro nem de empresas, nem de corporações, nem de fundações corporativas e nem de governos. E isso faz com que a gente tenha total liberdade para definir as estratégias e definir as críticas e fazer as ações diretas, que são a marca também da organização. É curioso porque, apesar disso, ter mais de 30 anos no Brasil e 50 anos no mundo, até hoje a gente recebe comentários de gente dizendo que a gente critica o governo porque o governo parou de nos pagar ou, enfim, porque “a mamata teria acabado”. Mas, nunca houve essa mamata, porque nunca houve dinheiro do governo para o Greenpeace. Então, respondendo a Vanessa, a decisão vem deste lugar. Mas o que eu acho que é mais legal é que o fato de a gente ter que buscar um volume grande de pessoas físicas para nos apoiar é também um jeito de legitimar o nosso trabalho. Quer dizer que tem milhares de pessoas que se dispõe a fazer essa doação recorrente mensalmente e apoiam o que a gente está fazendo. E se por algum motivo elas deixarem de apoiar, a gente vai ficar sabendo também e vai ter a oportunidade de rever o porquê daquilo. Não é um financiador ou um. É um grupo relevante de pessoas que nos dá a legitimidade para seguir atuando.

 

Roberta: E Carol, para doações de pessoa física? Vocês também aceitam doações de qualquer valor de qualquer pessoa ou se existe também alguma restrição. Por exemplo, Joesley Batista, da JBS, que é uma empresa que é conhecida por ter questões ambientais muito polêmicas. Ele resolve fazer uma doação como pessoa física. Isso é aceito ou tem algum tipo de crivo também para isso? E queria que se aproveitasse e contasse um pouquinho sobre o perfil dos doadores do Greenpeace. Sabe, são quantos milhões e milhares de pessoas? As pessoas costumam fazer mais recorrentes ou mais esporadicamente? Por quanto tempo elas permanecem? Se tem essa visão geral?

 

Carolina: Sim, temos sim. A organização é conhecida pelo trabalho nas ruas. Então a gente tem captadores nas ruas que abordam as pessoas e que fazem esse convite aí para que a pessoa passe a apoiar o nosso trabalho. Explicam um pouco o que é o trabalho e tudo. A gente também participa de eventos. Recentemente, por exemplo, estivemos no Lollapalooza e ali a gente também tem um ambiente para conversar com as pessoas e explicar um pouco. O que a gente faz é por que a gente precisa de apoio. A gente faz também contatos telefônicos com aqueles que nos apoiam digitalmente, seja assinando uma petição ou interagindo com a gente por e-mail ou nas redes sociais. Então, a gente tem uma série de estratégias para atrair as pessoas, não só para doar, mas para acompanhar e multiplicar o nosso trabalho. Então, a gente costuma olhar para os nossos parceiros como parceiros de uma jornada. A gente está junto nessa jornada, então, eventualmente a pessoa vai fazer uma doação. Eventualmente, ela vai compartilhar o que a gente produz ou apoiar, ou até nos provocar, nos trazer denúncias, enfim, nos provocar a acompanhar temas que para aquela pessoa, são importantes. A gente também tem uma rede muito grande de voluntários. Hoje, a gente tem voluntários espalhados por mais de 20 cidades brasileiras, organizados mesmo em grupos locais, atuando com questões locais e outros tantos que não estão nessas cidades, mas que estão conectados. Aí a gente tem uma plataforma, o Conexão Verde, que conecta toda essa rede. Então são muitas as formas de se relacionar com o Greenpeace no Brasil e a gente cuida para que todas elas sejam significativas, seja a pessoa, sendo ou não um doador. Hoje a gente tem pouco mais de 32.000 doadores ativos recorrentes. Então, a gente tem um número maior de pessoas que fazem doações únicas, enfim, eventuais. Mas estes são os doadores recorrentes. E aí a gente tem internamente aqui uma classificação sobre o valor que o doador nos repassa e a partir de um determinado valor, eles são considerados major donors, que são doadores maiores. Enfim. Esses doadores a gente sabe quem são e o Joesley não estaria entre eles, mas os doadores de menor valor. A gente entende, como eu falei, que são pessoas dispostas a legitimar e a acompanhar o nosso trabalho e, portanto, é muito importante para a gente que sejam várias, diversas e que componham aí um grupo relevante de brasileiros que acredita no que a gente faz, porque essa também é uma discussão interessante. E infelizmente hoje no Brasil, de alguma maneira aquecida, a coisa de sermos uma organização internacional com interesses escusos no Brasil. E eu costumo dizer que essa é uma visão bem distorcida, porque somos uma organização que emprega quase 200 brasileiros, paga impostos no Brasil, é liderada por brasileiros e apoiada por brasileiros que acreditam no que a gente faz. Então, apesar de sermos, sim, uma rede global de organizações, a gente tem uma independência aqui e uma legitimidade para fazer o que a gente faz aqui no país também.

 

Vanessa: Boa! Carol, agora falando do que não tem como escapar, é falar um pouco de pandemia. Tudo isso que você colocou nessa rede de voluntários, pessoas na rua. Como foi esse período para vocês? Vocês sentiram justamente por vocês terem feito essa escolha de só receber doações de indivíduos? Isso foi sentido neste momento. Como foi esse momento? Como está sendo esse momento para o Greenpeace?

 

Carolina: Foi sentido em 2020. A gente ainda tinha boa parte da nossa estratégia focada nas ruas. Então, de repente, de um dia para o outro, a equipe toda teve que sair das ruas e foi um baque. Foi um problemão, porque a gente não estava realmente. Ninguém estava esperando. E isso acabou acelerando o movimento de repensar e de diversificar cada vez mais os canais de contato e como é que a gente conversa com possíveis doadores. Então a gente trouxe toda esta equipe para dentro de casa e criou uma estrutura telefônica ,mesmo para que eles pudessem fazer contatos. No primeiro ano, imagina que tirou da rua e teve que reorganizar, enfim, então, o tombo financeiro foi maior. Já no ano passado, a gente já estava com a máquina funcionando melhor, explorando novas possibilidades de contato com o time também. Entendendo esse papel, a gente achou que no ano passado seria possível voltar para as ruas mais cedo. A gente contava com a vacina antes e isso foi se estendendo, se estendendo. Então, o ano passado a gente ainda assim, teve que lidar com as consequências da pandemia de um jeito menos grave. Então, a gente no ano passado arrecadou mais ou menos 13% a menos do que o previsto, sendo que em 2020 o nosso tombo foi de 30%. Então foi maior. Esse ano a gente percebe um movimento um pouco diferente. O que a gente tem percebido são os efeitos da crise econômica. Então, algumas pessoas que eram doadoras recorrentes, manifestando a impossibilidade de seguir com o compromisso mensal e preferindo, eventualmente, quando conseguem, quando podem. Está enfrentando dificuldades, mesmo com relação à renda e os impactos inflacionários, e tudo isso. Então a gente também está cuidando e em contato com essas pessoas. O que a gente não sentiu foi que o nosso trabalho perdeu relevância para os doadores. Então, nenhuma das dificuldades se deveu ao fato de que as pessoas não queriam mais doar ou que o grupo tinha deixado de ser relevante para elas. Na verdade, acho que os impactos vieram tanto pela questão estratégica da gente estar na rua, naquilo que a gente chama de diálogo direto, que demanda a presença física para acontecer e que, portanto, na pandemia não podia mais acontecer. E depois, agora também esse efeito da crise econômica no orçamento das famílias e das pessoas que nos apoiam. Eu acho que o principal, Vanessa, é que a gente manteve, conseguiu, apesar de tudo e cuidando muito ali, fazendo uma gestão financeira muito cuidadosa, manter as atividades da organização, manter um pouco o olhar estratégico para o momento que a gente está atravessando. E o que esse momento pede do Greenpeace. E eu acho que o que a gente pode comemorar é a gente vem conversando isso internamente é o fato de que, ainda que tenhamos sofrido com a pandemia em termos de arrecadação, não foi porque deixamos ou ficamos menos relevantes. Pelo contrário, foi porque o contexto todo exigiu muito de todos nós e de todos aqueles que acompanham o trabalho do Greenpeace, enfim, e de todos os brasileiros. Não precisa nem dizer isso. Enfim, essa é a análise que a gente faz esse ano. A gente está olhando com carinho para essa questão que começa a surgir em relação às doações recorrentes e à questão financeira. E entendendo também como é que a gente pode se estruturar para seguir uma organização forte, resiliente, de impacto, enfim, que hoje é bastante necessária no contexto brasileiro. A gente está vivendo um momento muito complexo para o meio ambiente no Brasil, com um desmonte grande, legal e infralegal. Então, tem coisas acontecendo no Congresso, mas também tem normativas e toda a governança ambiental sendo desfeita e com ataques sistemáticos e muito fortes aos povos indígenas. Então, é importante que a gente mantenha uma organização forte para a gente poder atuar, ainda que a pandemia nos cobre um pouco do ponto de vista de arrecadação.

 

Roberta: Você falou um pouco dos efeitos da crise econômica. Isso é algo que a gente ouve bastante também das organizações que lutam pela doação recorrente de pessoa física, que é o fato de que isso no Brasil é muito difícil, porque é uma minoria da população economicamente ativa, que tem cartão de crédito e uma renda estável, que sabe quanto vai ganhar tudo mês para poder separar esse valor. Vocês têm pensado em outras maneiras de captar, o PIX fez uma diferença para vocês,de onde vêm outras outras possibilidades das pessoas contribuírem?

 

Carolina: Isso é muito interessante também, porque a gente encontra pessoas que fazem um esforço para doar, não só para o Greenpeace, mas para doar para organizações em que acredita. Às vezes, quem tem mais não doa ou não quer nem ouvir e não quer nem saber, e quem tem menos doa assim, é muito legal. A nossa equipe está numa cidadezinha pequena, no Amazonas, chegando ali de avião. Isso aconteceu muito agora durante a pandemia, porque a gente teve um projeto, Asas da Emergência, que colocou o nosso avião. A gente tem um avião lá em Manaus, colocou o nosso avião para voar na Amazônia toda levando oxigênio, enfim, máscaras. A gente até entregou uma usina, uma miniusina de oxigênio em São Gabriel da Cachoeira. Enfim! A gente rodou muito ali, com muita intensidade, carregando doações. E aí a gente ouvia, às vezes nos lugares mais remotos. “Nossa, que legal! O avião de vocês está aqui. Eu dou pra organização”. Pessoas com rendas baixas, mas que vêm e que sabem que a gente está ali operando e que nos apoiam. Então, isso é muito legal. Em relação a como isso se dá, se é cartão, se é PIX. A gente está sempre muito atenta às possibilidades que são apresentadas para facilitar esse processo. Então, o que QRCode, o PIX? A pessoa que vai fazer uma doação eventual, como é que a gente faz? Então, esse é um trabalho constante ali da equipe para que esse não seja um impeditivo. Se a pessoa de fato quiser e gostar do que a gente está fazendo.

 

Roberta: Uso o mala direta impressa, que é uma coisa que poucas organizações conseguem usar, porque é um custo altíssimo, tem um impacto ecológico também importante.

 

Carolina: A gente usa eventualmente. Então a gente tem, por exemplo, um calendário que a gente faz no começo do ano, que faz bastante sucesso. E ai é óbvio que a gente manda ele pelo correio. Então, eventualmente, a gente ainda sim, faz envios de mala direta ou de alguma coisa que a gente queira entregar para os nossos doadores. O nosso meio de comunicação principal com eles é via email mesmo. Então, eles recebem informações sobre o que a gente está fazendo, mensais. Então, como é que o dinheiro está sendo gasto? Quais foram os projetos daquele mês? O que aconteceu naquele mês? Que faz sentido ser compartilhado com eles? Mas isso vai por e-mail.

 

Roberta: É uma curiosidade, só para encerrar, sobre as campanhas de vocês. Eu sou doadora do Greenpeace já há alguns anos e eu entrei por uma campanha de Amazônia, eu acho. Mas vocês têm campanhas temáticas para captar doadores, enfim, de água, de baleias, de enfim, coisas diversas. Qual o tema que mobiliza mais os brasileiros? Que gera mais engajamento, cliques e doações?

 

Carolina:  A Amazônia tem gerado cada vez mais. A gente percebe, inclusive nas ruas, uma diferença grande. Antes, era bem comum que as pessoas, por exemplo, nas ruas, não soubessem o nome do ministro do Meio Ambiente. Não era uma informação conhecida agora. É claro que, pelas razões erradas.

 

Roberta: Por um mal motivo, né?!

 

Carolina: Quando a gente se aproxima para falar sobre a Amazônia, as pessoas dizem ”Nossa, eu estou muito preocupado. Eu tenho visto o que está acontecendo. Eu tenho visto como é que esse governo não está cuidando, como é que as coisas não estão sendo realizadas ali?” Então, a Amazônia, mais recentemente, tem mobilizado, bastante. Então, acho que eu te diria que a gente está olhando para as questões de grilagem, de terra, de garimpo ilegal. Garimpo ilegal é algo que também mobiliza bastante, porque é uma situação de uma violência muito explícita, que é fácil de entender porque está errado. Então, os impactos disso para as comunidades que vivem ali, as comunidades tradicionais, os povos indígenas também é algo que mobiliza bastante. A gente, no final do ano, fez um estudo e tem mais de 600 quilômetros de rios, por exemplo, na Bacia do Tapajós, no Pará, contaminados com mercúrio, abastecendo comunidades, crianças, famílias inteiras. Então, esse é um problema grave e os brasileiros parecem, no geral, está prestando atenção assim, de se mobilizar em relação a isso. Eu acho que um desafio que a gente tem é para além da questão das doações e ainda conseguir conectar tudo isso e ainda conseguir fazer com que as pessoas entendam que a estiagem, a tempestade, o deslizamento de terra que está acontecendo aqui, o calor extremo, o frio fora de época, aquilo que está prejudicando a agricultura, enfim, fazendo com que safras inteiras sejam perdidas. Tudo está relacionado ao que a gente está fazendo no Cerrado, ao que a gente está fazendo na Amazônia, o que a gente está fazendo nos demais biomas. Essa é a construção de uma visão sistêmica, de como as coisas estão relacionadas e o quanto a gente precisa de verdade. Começar a discutir com seriedade investimentos do governo e políticas públicas que deem conta do que enfrentaremos nos próximos anos, que tragam de verdade a implementação de um plano de adaptação para que a gente esteja preparado para enfrentar os impactos e as consequências das mudanças climáticas. Eu acho que tudo isso ainda é um desafio. É uma conversa que vem avançando, mas que eu acho que a gente precisa avançar mais.

 

Roberta: Ai Carol, obrigada por todas essas divisões. Foi muito inspiradores todas as suas ideias, histórias e dicas de compartilhamentos. Obrigada por ter aberto um pouco de como funciona uma organização tão importante. Então querida. Agora, pra fechar com chave de ouro, a gente faz a nossa rodada relâmpago. Aquele esqueminha bem fácil, bem Marilia Gabriela, nós vamos te fazer 5 perguntas e você responde com a primeira coisa que vier à cabeça. Tudo bem?

 

Roberta: Qual foi a sua doação mais recente?

 

Carolina: Eu entrei para o programa de aliados da Agência Pública. Eu fiquei muito impactada por algumas coisas recentes que eles produziram. Como eu falei, eu sou jornalista, acredito no jornalismo, acredito em vocês. Sou compradora das antigas, da Sorria e de tudo que vocês produzem. E sempre que eu posso ajudar o jornalismo, nesse momento, em que a democracia brasileira está tão em risco e manipulada, eu faço, então? O Programa Aliados foi a última.

 

Vanessa: Qual é a sua causa do coração?

 

Carolina: Acho que a injustiça no sentido mais amplo. Eu acho que eu entrei na educação e no trabalho com a infância, por esse olhar, por esse viés, na vontade de contribuir para que a gente tenha condições de fazer com que essas crianças escolham os próprios caminhos nas vidas delas. E acho que chego no meio ambiente pelo mesmo lugar, porque me parece bastante injusto que quem não contribuiu para o planeta chegar onde está vão ser aqueles que vão pagar o maior preço por tudo o que a gente está vivendo, essa injustiça climática que se avizinha. Me mobiliza muito. Então eu acho que eu diria por aí.

 

Roberta: O que você doa e que não é dinheiro?

 

Carolina: Eu acho que eu dou, eu dou o meu tempo, eu dou minha experiência. Eu tento muito conversar com quem, de alguma forma, acha que a minha trajetória pode beneficiar a trajetória que se constrói. Eu tenho. Eu gosto muito dessa troca. Então, eu acho que isso é uma coisa que eu faço sempre que eu consigo. E eu acho que também nesse sentido, adoro conectar pessoas e ajudar pessoas a atravessar portas que eu já atravessei, sabe? Então faço isso com o maior prazer. Adoraria fazer mais. Acho que talvez esse seja um projeto para daqui a alguns anos de aposentadoria.

 

Vanessa: Bom, você já falou algumas, mas se você quiser citar uma diferente, citar uma organização que você admira, que você apoia, que você acha que outras pessoas deveriam conhecer e apoiar.

 

Carolina:  Vou falar de uma que nasceu hoje no Instagram. Eu vi o post hoje e é de uma pessoa que eu admiro demais. Então eu vou trazer ela aqui, pois eu vou contar pra ela . A Mariana Rosa criou o Instituto Cáue. Eu acho que é assim que fala, porque tem um acento no a. Eu não tive nem chance de checar a pronúncia, mas eu acredito demais no trabalho dela. O instituto, que nasce com o objetivo de, enfim, uma sociedade anticapacitista e com mais justiça social e sem barreiras. Eu acompanho o trabalho da Mariana há muito tempo. Fiquei mega feliz quando vi, hoje, a formalização do Instituto. Mariana não trabalha sozinha, trabalha em rede e tem uma potência enorme. Sou mega fã dela. Então já deixo aqui a sugestão do nome dela pra vocês. Ela é incrível, mas eu só espero que tenha falado direitinho o nome, porque é uma palavra em latim, mas parece que é pra não ser assim. Cáue.

 

Roberta: Carol. Agora a gente sempre pede para quem vem aqui pra dar uma dica de como convencer alguém a doar. A maior parte dos nossos e dos nossos ouvintes são captadores de recursos ou estão envolvidos com conseguir doações? Então o que você diria pra alguém que não doou ainda para convencer essa pessoa doar?

 

Carolina: Não sei se tem o melhor conselho. O que eu faço é meio que água mole, né? Água mole em pedra dura. Então eu sou aquela amiga que está sempre mandando as notícias, pedindo uma assinatura na petição, pedindo que compartilhe um post, eventualmente pedindo uma doação, um apoio. Enfim, eu acho que não sei se é o melhor conselho, mas aqui o que funciona é uma certa constância.

 

Roberta: Isso mesmo. É aí que a gente chega na doação recorrente. Obrigada, querida, muito boa. A gente se vê em breve porque agradeço.

 

Carolina: Obrigada a vocês. Um beijo grande.

 

Roberta: Van, a gente falou aqui das restrições no terceiro setor e também das várias oportunidades de captar recursos nas ONGs, mas acho que uma delas acabou ficando de fora.

 

Vanessa: Não, jamais. A gente estava só guardando o melhor para o final ou para o meio do episódio. Até porque não tem como deixar a conversa sobre produtos sociais de fora. A gente tem que chamar a nossa querida Duda Schneider. Vamos ver no que diz que ela trouxe do merchan do bem essa semana.

 

Duda: Oi gente, eu sou a Duda Schneider e esse é o nosso quadro Merchan do Bem. Uma das formas mais lindas e verdadeiras de demonstrar ou receber amor é um abraço, não é? E se você puder dar esse abraço em milhares de crianças que lutam contra o câncer? Agora você pode! Comprando as lindas pelúcias da marca Abracinho, que são revertidas em doações para hospitais que atuam na linha de frente contra o câncer infantil. É só entrar no site deumabracinho.com.br e escolher a sua pelúcia, o hospital quer beneficiar com a sua doação e pronto. Em breve chegará na sua casa a pelúcia e a doação vai chegar nos hospitais e ajudar a salvar milhares de vidas. Ao todo, a campanha já arrecadou doações equivalentes a 63.000 quimioterapias, 18.000 cirurgias, 177.000 consultas médicas e ajudou a detectar precocemente 5.000 novos casos. As pelúcias são coelhinhos que, claro, possuem braços enormes para distribuir abracinho por aí. Tem de vários tamanhos e também temáticos. Incrível, né? Por hoje é isso pessoal. Espero que tenham gostado e até a próxima.

 

Vanessa: Roberta, depois de toda a conversa de hoje, eu sinto que a gente saiu sabendo muito mais sobre doação e captação de recursos. Quebrar um pouco essa visão romântica. De onde vem esse dinheiro? E também nos empoderar no sentido de que a gente pode, sim, entender o lugar delas, de onde ela vem. Acho que toda doação, ato político, o texto da Frida coloca muito isso. E enquanto a organização da sociedade civil organizada, muito atenta a essas questões, a gente tem todo direito de pensar sobre o assunto, refletir e ver o quanto isso cabe no orçamento. Mas acho que o papo com a Carolina trouxe um pouco essa outra visão de que é possível fazer de uma outra forma.

 

Roberta: Eu acho que esse é o sonho de toda organização ser bancada por pessoas que acreditam na sua causa. Porque aí a gente não está falando de depender de uma, duas, dez fontes de renda, como acontece quando você tem a maior parte da sua receita vinda de grandes doadores, sejam grandes filantropos, grandes empresas ou mesmo no governo. É assim você consegue ter muito mais liberdade, formas de manejar. Além de ter essa certeza que a Carol falou muito de que não são apenas doadores, são pessoas acompanhando a sua jornada. Eu acho que uma coisa interessante para a gente pensar sobre isso e que a gente não chegou a entrar nesse episódio e é pensar o contrário, de quando a sociedade cobra que aquela doação não deveria ser aceita. A ideia de pauta desse episódio veio depois que eu assisti uma série que eu recomendo muito pra todo mundo chamada Dopesick, que está na plataforma Star+, que conta a história chocante da indústria farmacêutica nos Estados Unidos, especialmente uma empresa que se chama Purdue Pharma, que está por trás da crise de opióides que tem devastado os Estados Unidos e se espalhando pelo mundo nos últimos anos. Eles criaram um medicamento extremamente viciante. Burlaram várias regras e leis para tornar esse medicamento mais acessível, dando início a uma grande crise de consumo de drogas opióides, não só os medicamentos e também as fora do balcão, como heroína, morfina e outros tipos. Enfim, é uma história chocante e o que é interessante é que a família fundadora da farmacêutica, a família Sackler, era considerada uma das maiores filantropos dos Estados Unidos e eles eram especialmente apaixonados por arte e financiavam grandes museus do mundo, como o Louvre, em Paris, o Met, enfim, grandes museus em toda parte tinham galerias que levavam o nome da família Sackler como uma homenagem às grandes doações que eles faziam. E com a crise dos opióides e depois, conforme por um longo processo judicial, se revelou a participação da família e de toda essa empresa em burlar as regras e ser culpada de fato por essa crise. E em grande parte, os cidadãos foram aos museus fazer enormes protestos, exigindo que se tirasse o nome da família Sackler dos museus. Enfim, eles não podem ser homenageados. O Louvre foi o primeiro museu a tirar o nome de uma galeria dessa família. Não quer dizer, ele devolveu a doação. A doação foi feita anos atrás, mas se tirou a contrapartida. Acho que isso é um ponto interessante para se pensar também enquanto organização, sabe? Às vezes, esse dinheiro pode vir, por exemplo, de um fundo judicial quando uma empresa é multada, por exemplo? Eu falei do Joesley Batista, a JBS pagou multas enormes de milhões e milhões de reais e esse dinheiro pode ser indicado pelo juiz para ir para organizações do terceiro setor. É uma forma de você aceitar esse dinheiro que não é limpo ou que é de uma correção, como a Frida fala e pensar qual é a contrapartida que se dá para ele? E talvez seja esse caminho também de você aceitar o recurso para usar ele para o bem, para corrigir uma situação, mas sem dar essa contrapartida de imagem e marketing positiva para uma empresa ou um doador pessoa física que não mereça um pedestal, porque na verdade ele está só corrigindo um erro que cometeu.

 

Vanessa: Toda essa conversa mostra o quanto a gente tem amadurecido sobre falar de onde veio o nosso dinheiro. A gente estava falando sobre decolonizar a filantropia, como que a gente dá esse dinheiro, de onde ele vem, para onde ele vai e o que vai ser feito. Então eu acho que todas as conversas são muito mais um passo mais profundo mesmo. A gente está mexendo onde tem que mexer mesmo, né? Os assuntos que a gente precisa se debruçar e entender para avançar enquanto sociedade. Acho que é um pouco de olhar e está aí o que a gente vai fazer daqui por diante, que a gente esse debate de contrapartidas é muito interessante nesse sentido. Então, a gente toma uma decisão, toma uma posição pública e vê como que vai lidar com isso sempre. Caminhos que apontam para uma evolução, mesmo para um pensamento mais crítico.

 

Roberta: Fica aqui a nossa sugestão se você tem uma história interessante, polêmica sobre captação de recursos ou sobre restrição de doações, sobre um não que você já teve que dizer ou recebeu, não precisa ter vergonha e manda pra gente lá no Instagram @institutomol ou pelo nosso perfil no LinkedIn, que a gente fica muito feliz em ler e conversar. Espero que vocês estejam seguindo nas nossas redes para fazer isso. Corre lá para dar uma olhada nos conteúdos que são tão bons como esse podcast de hoje.

 

Vanessa: E pra quem quiser, uma conversa mais íntima. Pode escrever pra gente no e-mail o contato@institutomol.org.br. A gente responde todo mundo e adora conversar. A gente vai ficando por aqui e semana que vem tem mais. Esse podcast é uma produção do Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior, da Morro do Conselho Participações e da Ambev. A produção é do Leonardo Neiva, o roteiro final e a direção é da Júlia Cunha e de Vanessa Henriques, e o design é da Glaucia Ribeiro, todas da equipe do Instituto MOL. As colunas são da Rafaela Carvalho e da Duda Schneider, da Editora MOL, a edição de som é do Bicho de Goiaba Podcast. Até mais!

 

Roberta: Até mais!

Read also