Artigo 
18/08/2021
Doações estrangeiras ainda são necessárias, diz CEO da BrazilFoundation

Por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi*

 

As doações estrangeiras movimentam somas consideráveis de recursos que auxiliam organizações do terceiro setor em todo o mundo. Os EUA encabeçam a lista, com US$5 bilhões anuais doados por fundações e outros doadores norte-americanos para entidades filantrópicas e ONGs fora de seu território, segundo dados da Tech Soup Brasil.

 

Nosso país não fica de fora da rota de doações: desde o início da pandemia, foram mais de US$ 76 milhões (algo como R$ 418 milhões) doados por empresas e pelo governo americano. Mas o que motiva uma fundação ou uma família de filantropos a doar para o Brasil, que em 2020 figurava como a 12ª maior economia do mundo?

 

“É um país que tem muitas contradições: é rico, mas com uma desigualdade tão gritante que a pobreza é um problema bastante sério”, afirma a americana Rebecca Tavares, doutora em educação pela Universidade Harvard e CEO da BrazilFoundation, entidade que arrecada fundos internacionalmente para projetos sociais brasileiros, em entrevista ao podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL e pelo Movimento Bem Maior.

 

Nas últimas décadas, vimos o Brasil se tornar uma economia emergente, mas problemas sociais estruturais como a fome, o desemprego, a baixa escolaridade e a ausência de condições dignas de moradia, entre tantos outros, ainda são realidade para boa parcela da população. Soma-se a esse panorama o descaso com o meio ambiente e o avanço de uma produção baseada na exploração natural inconsequente.

 

“Muitas das fundações que consideravam o Brasil como um ‘problema já resolvido’ estão revendo suas posições”, pontua Rebecca, que cita o investimento na sociedade civil como ação de fortalecimento das instituições democráticas brasileiras e de sua capacidade de prestar contas internacionalmente.

 

A CEO conta que os doadores americanos e europeus que contribuem com a entidade confiam no terceiro setor nacional e na seriedade do seu trabalho. Para ela, não é justa a desconfiança atribuída às organizações da sociedade civil, que são compostas por pessoas comprometidas com a justiça social.

 

Há também uma simpatia grande pelo país, o que ajuda a manter as contribuições. “O mundo admira muito o Brasil, não só pela cultura brasileira que todo mundo adora, mas também pelo exemplo de um país que sempre supera suas limitações e tem muito potencial para crescer investindo na população”, diz.

 

*Texto publicado na coluna Razões para Doar, de Época Negócios, em junho de 2021.

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