Transcrição EP#46 — Como unir projetos e financiadores?

Artur: A gente sabe que, na nossa sociedade, de um lado, tem muito projeto social precisando de investimentos e parcerias. E, do outro, muitas empresas buscando as melhores formas de aplicar seu dinheiro, em projetos confiáveis e que de fato tenham um impacto social mensurável. Afinal, existe uma linguagem das empresas e elas querem medir o sucesso dos projetos sociais por uma métrica que faça sentido para elas. Parece o mundo perfeito, né? Tem quem precisa e quem tem para dar. Só que na prática não é bem assim que acontece. O que está faltando? Igual a seleção brasileira: está faltando um meio de campo. Então, a dica é: existem tecnologias que podem auxiliar muito nesse processo. É sobre isso que a gente vai falar no programa de hoje! Para falar sobre isso, a gente chamou uma fera no assunto que é o Thiago Alvim, fundador e diretor-executivo do Prosas, plataforma que auxilia justamente os dois lados a fazer essa ponte de forma mais prática e eficiente.

 

Eu sou Artur Louback

 

Roberta: Eu sou Roberta Faria

 

Artur: E as melhores formas de unir projetos e financiadores é o tema de hoje no…

 

Artur e Roberta: Aqui se Faz, Aqui se Doa!

 

Artur: Está começando mais um Aqui se Faz, Aqui se Doa, o seu podcast favorito sobre cultura de doação produzido pelo Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior e divulgação do Infomoney.

 

O tema de hoje é uma realidade que imagino que muitos dos nossos ouvintes já tiveram que lidar, que é a busca por financiamento para colocar um projeto social bacana de pé.

 

Roberta: É, Artur, quem trabalha dentro de alguma organização social entende muito bem do que estamos falando. É preciso todo um trabalho de pesquisa, compreensão de mercado, um entendimento mais detalhado dos possíveis parceiros e financiadores e também uma abordagem adequada para dar um “match” com mais segurança.

 

Artur: E, olhando para o outro lado da moeda, muitas vezes a boa vontade existe entre várias empresas e financiadores, mas falta um maior entendimento de qual a melhor forma de investir seus recursos e quais projetos sociais são mais adequados para isso.

 

Roberta: Para esquentar a conversa, vamos dar uma olhada em algumas informações importantes sobre as principais modalidades e a distribuição desses financiamentos. Existem várias formas de captar recursos para uma organização social. Uma das principais são as leis de incentivo fiscal, em que o governo dá incentivos para que empresas ou pessoas físicas invistam em projetos.

 

Artur: O governo também pode investir dinheiro mais diretamente, por empresas estatais ou fundos voltados para determinados temas. As organizações ainda podem obter recursos vendendo produtos e serviços ou recebendo financiamento de instituições internacionais, como ONGs, órgãos bilaterais e até outros governos.

 

Roberta: E há também, claro, as doações diretas, que podem ser de pessoas físicas ou jurídicas. Mais recentemente, iniciativas de financiamento coletivo online, o crowdfunding, também têm sido uma importante forma de alavancar projetos.

 

Artur: Um estudo feito em 2019 com organizações sociais que participaram do Prêmio Melhores ONGs do Brasil apontou que o governo foi a principal fonte de recursos para elas, contribuindo com 24% da captação. Depois, vieram as empresas, com 22% (bem próximo, né?), e, fechando o ranking, doações de pessoas físicas, representando 18% do total (também bem próximo).

 

Roberta: Ou seja, as leis de incentivo são muito importantes para todo esse ecossistema. Tenho certeza de que você já ouviu falar delas, mas será que sabe como elas funcionam?

 

Rafa Carvalho: Olá, querido ouvinte! Se essa é a sua primeira vez me ouvindo, me apresento! Eu sou a Rafaela e toda semana ajudo a desvendar um conceito importante para a cultura de doação aqui no nosso podcast. Falando de uma forma geral, as leis de incentivo fiscal são como todos os tipos de incentivo: uma forma que o governo encontrou de estimular certas atividades durante um prazo específico. No Brasil, a primeira dessas leis de que se tem notícia é o Programa Nacional de Apoio à Cultura, o Pronac. Ela foi criada em 1991, ela ficou mais conhecida por aqui como Lei Rouanet.

 

O que é interessante sobre a Lei Rouanet é que ela já ficou conhecida na boca das pessoas, mas por motivos errados. A falta de conhecimento sobre como ela funciona é um dos motivos que acabam estimulando preconceitos como o que existe contra essa lei, que muitos veem como uma forma de artistas enriquecerem sem fazer muita coisa. Mas não é exatamente assim que a banda toca. Com a lei de incentivo, o governo brasileiro abre mão de parte dos recursos que receberia de uma empresa ou pessoa física. Em vez de esse dinheiro ir para mão do governo, o investidor opta por apoiar financeiramente uma causa que esteja alinhada diretamente com seus valores e que pode ter um impacto importante para a sociedade, seja relacionada à arte, cultura, esportes, combate à pobreza, ao preconceito, o que for.

 

Ah, e vale lembrar que, da parte dos projetos, ser aprovado dentro de uma lei de incentivo fiscal não é garantia nenhuma de financiamento. Muitas vezes e, na maioria delas, o que você garante é a chance de correr atrás de um financiamento. Buscar esses recursos vira responsabilidade de quem está propondo a ação social. Até por isso, o tema do episódio de hoje é tão relevante: para que os projetos vejam a luz do dia, esse “match” entre investidor e quem quer fazer a diferença, tem que acontecer.

 

É isso pessoal! Vejo vocês na próxima semana! Até mais!

 

Roberta: Olha aí, agora você já sabe um pouco mais sobre o que são as leis de incentivo e como elas funcionam, graças à Rafa. Um conhecimento importantíssimo, até porque elas viram com frequência centro de polêmicas aqui no Brasil.

 

Artur: Pois é, agora depois do quadro do nosso professor Tibúrcio do setor social, você pode até começar a passar esse conhecimento adiante e ajudar a esclarecer algumas ideias bastante equivocadas que as pessoas têm sobre elas.

 

Roberta: Que é uma “mamata”…

 

Artur: Continuando nessa mesma toada, nada como falar com um especialista em leis de incentivo para entender como elas podem ser aplicadas no cotidiano — e quais as principais dificuldades que as ONGs e empresas ainda têm em relação às leis de incentivo.

 

Roberta: Sem dúvida nenhuma! Neste episódio, nossa produção bateu um papo com o Raphael Mayer, que é sócio-fundador da Simbiose Social. Se você ainda não conhece o trabalho deles, posso te adiantar que ela foi criada para ajudar justamente a democratizar o acesso aos recursos liberados via leis de incentivo. Na plataforma da Simbiose, as empresas conseguem buscar projetos que estejam alinhados às suas demandas. Vamos ouvir o próprio Rapha explicando um pouco melhor como isso funciona?:

 

Raphael: A Simbiose desenvolveu um produto, em um primeiro momento, voltado para as empresas. A gente levava (e leva) para elas todas as informações de projetos aprovados e a empresa, com filtros inteligentes, consegue encontrar os projetos que estão mais alinhados às suas diretrizes. A ideia aqui não era só dar um ganho estratégico para as empresas na gestão desse recurso, mas principalmente democratizar o acesso desse recurso que é público para que todas as organizações sociais do país tivessem a mesma chance de ser vistas. Então se você, organização social, possui um projeto aprovado em uma lei de incentivo e está ouvindo o podcast aqui conosco, seu projeto já está sendo visto pelas empresas que usam a ferramenta da Simbiose, e é a forma mais democrática que a gente vê hoje para fazer a gestão desses recursos. Só para se ter uma dimensão também, essa ferramenta já está na mão de mais de 60 multinacionais, e, no ano de 2020, foram mais de R$ 350 milhões geridos via ferramenta e levados para projetos espalhados em todos os estados do país. É assim que a gente atua por braço de empresas.

 

E para as organizações sociais? Nós temos soluções? Temos. A gente faz, justamente, o avesso da plataforma para levar as informações dos patrocinadores em uma ferramenta que chamamos de “Radar de Patrocinadores”. Lá, as organizações sociais conseguem ter inteligência de dados para achar empresas que tenham potencial, ou alinhamento, de investir em suas causas ou organizações de projetos. Nessa ferramenta, a ONG pode entrar, lançar suas características, apertar okay e ver uma análise de probabilidade de quais das 62 mil empresas no país tem mais alinhamento, ou maior chance, de investimento nos seus projetos. É uma forma da gente trazer dados e tecnologias para empoderar o terceiro setor e conseguir fazer que pela inteligência de dados e informação, a gente gere eficiência também no setor de incentivos fiscais.

 

Artur: A seguir, ele explica pra gente quais têm sido as principais dificuldades dessas organizações na hora de buscar os  investidores:

 

Raphael:  Quando a gente fala dos principais desafios do setor de incentivo fiscal, sem dúvida nenhuma, a gente está falando do desafio de captação de recursos. Hoje, para a gente ter uma dimensão do tamanho desse desafio no mercado brasileiro, 71% das organizações que são aprovadas com projetos aptos a receberem recursos incentivados não conseguem captar nenhum centavo. Do outro lado, isso não acontece por falta de recurso, necessariamente. Hoje, mais de 50% do recurso disponível na mão das empresas não são utilizados. Então, por que essa ineficiência, essa falta de conexão, acontece? Para entender isso, a gente precisa aprofundar um pouco mais em uma assimetria de informação enorme que acontece no setor.

 

Do lado das organizações sociais, a gente tem uma dificuldade muito grande na abordagem de novos patrocinadores. Essa abordagem acaba acontecendo sempre nas mesmas empresas, que são as grandes investidoras do mercado, que concentram boa parte desses investimentos. Então normalmente são empresas do setor financeiro, empresas que são o que a gente chama de B2C, que são aquelas que falam com o grande público, que vendem em massa, que têm grande conhecimento de marca do mercado. Mas as empresas que são a grande maioria delas, que normalmente são as B2B, que são empresas um pouco menores, familiares, fábricas que vendem muitas vezes pra outras empresas, essas dificilmente são abordadas. Então a gente acaba tendo uma concentração e uma falta de informação muito grande por parte das organizações sociais no processo de captação de recursos.

 

Do outro lado, quando a gente vai para o mundo das empresas, o direcionamento de imposto não é o core da empresa, não é uma prioridade. A gente falar que direcionar imposto é algo gratuito é algo equivocado. Por mais que a gente tenha 100% de dedução fiscal, investir com qualidade e de forma estruturada custa caro dentro das empresas. Muitas vezes, esses investimentos vão envolver áreas como a fiscal, responsabilidade social, compliance (que gere o risco da empresa), jurídica, financeira… Toda essa estrutura gera um custo transacional que é de investimento, e, muitas vezes, é alto. Isso faz com que as empresas tenham uma gestão passiva e relacional dos recursos. Quando ela decide utilizar, (muitas delas, por conta desse custo decidem não direcionar o imposto por ser complexo e difícil) isso fica concentrado de forma que são investidos os projetos em que a empresa tem algum tipo de relacionamento, ou bateram na porta, ou conhecem o diretor da empresa de alguma forma, tem algum relacionamento próximo. Muitas vezes, isso gera uma concentração do recurso. Não só é pouco aproveitado o recurso dentro das empresas, como na grande maioria das vezes, isso é super concentrado.

 

Para também termos uma dimensão: hoje, 80% do recurso nacional está concentrado no eixo Rio-SP. Principalmente, por conta dessa gestão passiva, da concentração dos recursos onde os patrocinadores estão, onde as empresas conhecidas e abordadas se concentram. Então, sem dúvida, um dos maiores desafios que a gente tem hoje no mercado é romper esse ciclo vicioso e conseguir democratizar, levar mais recursos de forma espalhada no país, dando oportunidade para que organizações sociais, que não as mesmas concentradas nas grandes cidades, sejam beneficiadas por mecanismos como esses da gestão de recursos públicos.

 

Roberta: Imagina só o quanto ter todas essas informações numa mesma plataforma facilita a vida de quem quer investir em projetos sociais. E ajuda também toda a sociedade, porque une as duas pontas de um diálogo que traz um impacto social extremamente positivo para o país. Quem sabe não vamos ver em breve o nascimento de outras iniciativas parecidas, que criam um caminho mais claro tanto para as empresas quanto para as organizações sociais?

 

Arthur: Com certeza, Roberta. Aliás, já temos algumas outras empresas que estão nesse mesmo caminho. Em breve vamos falar de muitas outras. Com essas conversas, a gente vai percebendo que não faltam nem recursos nem demanda. O que falta mesmo é uma forma mais eficiente de estabelecer um diálogo, uma conexão, e evitar a concentração desses investimentos em poucas organizações.

 

Roberta: Bom, faltar recurso não sei. Mas é sempre bom ter mais! Quem também faz essa distribuição e “match” de recursos e projetos é o Prosas. Se você entrar na plataforma deles, vai encontrar ali um ecossistema muito rico. Líderes de projetos sociais podem buscar tanto por editais quanto por empresas e empreendedores que querem patrocinar ONGs, com detalhes sobre suas principais áreas de interesse. Já um patrocinador que entrar no site vai encontrar dados sobre vários projetos sociais disponíveis para apoiar, o que ajuda a tomar decisões mais informadas e conscientes. Além de ser um lugar de encontro por meio de editais.

 

Artur: A Roberta aprendeu isso tudo sobre o Prosas e mais algumas coisas no papo que ela bateu com o Thiago Alvim, que é o diretor-executivo e fundador do Prosas, junto com o Bruno Barroso, e o nosso entrevistado de hoje. Ele é formado em administração, e tem no currículo bastante experiência no setor social. Foi diretor de planejamento do Instituto Cultural Inhotim e conselheiro do Conselho de Fomento e Colaboração da Prefeitura de Belo Horizonte. Também fundou a empresa Nexo Investimento Social, que é uma parceira e atua junto com o Prosas, e hoje é conselheiro na Fundação TV Minas Cultural e Educativa.

 

Roberta: Thiago, estamos muito felizes por ter você no nosso podcast! Obrigado por aceitar nosso convite!

 

Thiago: Eu que agradeço o convite, Roberta! Sou ouvinte e é uma enorme satisfação estar aqui sendo parte deste programa que tem informado tanta gente sobre cultura de doação.

 

Roberta: Que massa! Thiago, já falamos um pouco sobre o seu currículo e a sua formação profissional. Mas queria ouvir um pouco mais sobre a fundação do Prosas e o trabalho que vocês vêm desenvolvendo há mais de seis anos. Conta pra gente?

 

Thiago: O Prosas nasce de uma iniciativa anterior, de uma consultoria: a Nexo Investimento Social. Começou eu e o Bruno, há dez anos. Só que, como consultoria, a gente percebia claramente que consultoria não escala. A gente sempre teria um alcance limitado. Tomamos a decisão (já era formulação desde o início da Nexo) de migrar para tecnologia, criamos uma plataforma que pudesse dialogar com o Brasil inteiro. Esse é o propósito do Prosas: diminuir a distância entre empreendedores sociais e investidores sociais em um país continental. Não é fácil a gente se conectar presencialmente com o Brasil inteiro e o Prosas tenta trazer para o online e aproximar esses mundos.

 

Foi essa a grande motivação inicial. De lá para cá, um grande aprendizado de sair da consultoria e migrar para o mundo da tecnologia.

 

Roberta: E os números que vocês têm, Thiago, para contar? Para a gente entender a dimensão desse trabalho, o tamanho que vocês tomaram.

 

Thiago: Dando um entendimento inicial: qual o conceito do Prosas? A gente criou essa tecnologia para a plataforma: que organizações públicas e privadas. Hoje, a gente tem a FUNARTE (organização pública), Secretaria de Cultura do Espírito Santo, Secretaria de Cultura de Pernambuco e grandes empresas como VALE, Itaú, AMBEV que lançam chamadas públicas no Prosas. A pessoa, antes de enviar a proposta, faz um cadastro no Prosas. A ideia é que a segunda chamada pública já consiga conversar com aquela rede que se formou na primeira.

 

A partir disso, hoje a gente tem 133 mil usuários cadastrados. Essa base facilita para a gente comunicar oportunidades para essa turma sempre que surge um novo edital gerando eficiência para os dois lados. Para o investidor é mais fácil conversar com esse grupo todo e para o empreendedor é fácil ter informações atualizadas no Prosas. Desde 2015, que foi o primeiro ano da plataforma que foi ao ar no meio do ano, a gente teve quatro editais que utilizaram a nossa tecnologia e, ano a ano, a gente vem crescendo. 2016, 12 editais. 2017, 46. 2018, 96. 2019, a gente pulou pra 158. Ano passado (2020), foi um crescimento muito importante, chegamos a 262 editais em um ano. Esse ano (2021) a gente está vendo certinho de bater 200.

 

Somando a vida toda, estamos com quase 800 editais já lançados na plataforma e milhares de propostas recebidas todos os anos e milhares de propostas apoiadas, que é o fim último do Prosas: gerar essa conexão. Sempre que uma proposta é apoiada por um patrocinador, a gente está cumprindo a nossa missão de ajudar a viabilizar o impacto social na ponta. Tem um número adicional, que foi de uma ideia inicial quase de produção de conteúdo. Além dos editais lançados no Prosas, a gente começou a mapear editais. Então, a gente tem uma equipe que todos os dias fica mapeando edital e cadastrando no Prosas para que os empreendedores sociais, os 130 mil usuários que hoje tem acesso a nossa plataforma, possam consultar gratuitamente um resumo de cada edital que está sendo publicado. A gente está super ansioso, porque estamos perto de bater a marca de 10 mil editais divulgados pelo Prosas, que vai ser um momento de grande comemoração para a nossa equipe.

 

Roberta: E você tem ideia dos valores mobilizados por essa soma de editais por meio da plataforma?

 

Thiago: No ano passado, foram quase 400 milhões de reais mobilizados e aplicados utilizando a nossa infraestrutura. A gente não faz a gestão desse recurso, ele não passa por nós, mas foram selecionados cerca de 400 milhões de reais no ano passado utilizando a nossa infraestrutura. Foram cerca de 3.500 projetos apoiados. Tem muita coisa boa acontecendo no Brasil inteiro que a gente está conseguindo contribuir de alguma forma com essa tecnologia que a gente desenvolveu.

 

Roberta: Isso que você falou é muito legal: tem muita coisa acontecendo no Brasil, mesmo. Essa dificuldade de encontro e conexão entre quem produz e quem pode apoiar é uma dificuldade histórica e a tecnologia de vocês ajuda a resolver. Mas tem outros fatores que são dificuldades para os dois lados. O que você diagnostica do setor? Quais as principais complicações no dia a dia das empresas e das organizações para que aconteça essa conexão?

 

Thiago: A questão central é confiança. A gente vive em um país em que as pessoas não confiam nas empresas, as empresas não confiam nas organizações, as organizações não confiam no Governo. A gente vive uma questão de que quase ninguém confia em ninguém. Eu falei, inicialmente, nessa ideia da eficiência: tenho uma ferramenta que facilita a conexão. Mas, do outro lado, a ideia é que cada vez mais quando uma empresa vir que outras empresas estão apoiando terceiros, ela também se sinta mais confiante de seguir com essa estratégia.

 

A gente tem uma realidade, e o censo do GIFE mostra isso, que a maioria dos investidores sociais são, na verdade, executores de projetos sociais. As empresas ainda formulam seus próprios projetos, contratam as pessoas e executam diretamente. Quando a gente tenta tornar essa ideia do edital mais fácil, mostrar que outras empresas estão fazendo e as empresas começam a ver quais são as organizações contempladas, acredito muito na ideia de que a gente está compartilhando confiança. Se eu vejo meu amigo do lado fazendo, também passo a ter um pouco mais de segurança para fazer também e fazer com o outro.

 

O Prosas não ajuda em nada um investidor social que queira fazer sozinho. O Prosas só existe quando alguém que tem recurso enxerga um outro. Acredito que a gente tem que trabalhar muito ainda a questão da transparência e visibilidade. Precisa facilitar que a organização que está lá no Amazonas seja vista, divulgue seus dados, divulgue os outros projetos que ela faz com o apoio de outros investidores. Assim, a gente com visibilidade e transparência dê mais segurança para que outros investidores também possam apoiar.

 

A ideia é um pouco a de facilitar esses encontros e que, quanto mais encontro aconteça, mais gente vendo que isso é possível, vá inspirando outros investidores a fazer menos e apoiar mais o outro. Acredito muito nessa diversidade de soluções que um país tão grande quanto o nosso consegue produzir e que soluções do Norte vão ser diferentes das soluções do Sul — a gente tem que dar voz para todo mundo trazer suas ideias para aí poder descentralizar o recurso.

 

Roberta: Muito legal te ouvir, Thiago, falando da questão central da confiança. Ela é a questão central de toda a cultura de doação: quando a gente fala de doadores como pessoas físicas, também é isso que está em jogo. Agora, deixa eu te perguntar sobre uma polêmica. Queria saber, e sei que você tem uma visão bem crítica, como você enxerga o ambiente de incentivos das empresas no Brasil. Eles são suficientes? O que poderia ser melhorado? A gente está vendo propostas de reformas surgirem que não facilitam o crescimento dessa área. Me conta como você está vendo e onde a gente poderia melhorar?

 

Thiago: No Brasil existe uma legislação, seja em nível Federal, seja Estadual ou Municipal, que traz alguns incentivos para que empresas e pessoas físicas destinem parte dos seus impostos. Tem gente que chama isso de doação, tem gente que entende que não dá para chamar de doação, porque, na verdade, é só uma destinação de impostos. Eu tenho um olhar para quem recebe: esses incentivos ajudam os recursos a chegar na cultura, no esporte, nas ações voltadas para crianças e idosos? Se a resposta for sim, não me importo tanto com a polêmica do se é destinação de imposto ou doação. Está chegando, está cumprindo um propósito e pode ser muito importante.

 

Qual minha grande crítica para o desenho brasileiro: ele está muito compartimentalizado. A gente tem incentivo para a cultura, para o esporte, para a infância, para o idoso — cada um tem sua regra específica, seu limite de recursos e muitos têm entrado com projetos. Então, a gente não tem, e acho que isso faz parte do problema de não confiar nas organizações, muito pouco incentivo para apoiar o trabalho da organização. Entendendo que, uma vez que ela é sem fins lucrativos, presta conta da finalidade social, ela pudesse receber recurso não carimbado. Hoje, os incentivos fiscais que a gente tem são praticamente todos voltados para projetinhos: que tem data para começar, data para acabar, o que pode ser gasto, cada rubrica — o que vira um grande transtorno quando a gente tem uma pandemia, quando tem um grande imprevisto como o que aconteceu agora.

 

Na pandemia, quem fazia contraturno escolar teve que migrar para fazer assistência social, trabalhar para garantir a alimentação das crianças que foram parar em casa. Quando você tem todo o modelo vinculado a projetinhos, você mata toda a flexibilidade do terceiro setor — o que é um grande ativo do terceiro setor. Agora na pandemia a gente viu isso: enquanto o governo estava começando a planejar o que fazer, a sociedade civil já estava na ponta resolvendo o problema de cada comunidade.

 

Os nossos incentivos, primeiro, acabam pautando tanto o que a empresa vai apoiar — se a empresa, no Brasil, quer usar incentivo fiscal, tem dificuldade de definir uma causa. Como ela vai definir uma causa se ela tem tantos por cento para cultura, tanto para o esporte, tanto para a infância… A atuação das empresas é toda muito igual. Acaba ficando parecido porque está amarrado nesse modelo que, para mim, está por trás a ideia de que a gente não confia que o terceiro setor pode ser incentivado para realizar ações de impacto. A gente só topa destinar parte do imposto para eles se estiver muito bem delimitado o que vai fazer, quanto vai gastar, que dia começa, que dia termina.

 

Eu sou um grande defensor dos nossos incentivos fiscais, porque acho uma conquista que a gente tem e não pode retroceder daí. Agora, se tiver espaço para fazer um debate de como aperfeiçoar esse modelo, como com o mesmo montante de gasto a gente consegue fazer um desenho institucional mais amplo, que permitisse às empresas identificar causas… A gente está na discussão do clima e não tem incentivos que dialogam diretamente com o meio ambiente, no Brasil. Tem muito para melhorar, mas a gente tem um mínimo do qual não dá para retroceder. Por isso, agora, eu trabalhei muito ativamente durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda, que estão tramitando ainda no Senado, para que a gente não perdesse o pouco que a gente tem. A gente precisa ir daqui para aperfeiçoar.

 

Roberta: Agora, mudando o olhar para as organizações, a experiência desses anos vendo os empreendedores sociais e organizações inscrevendo projetos. Você poderia dar o que acha que são as três dicas de ouro para um projeto ir bem nessa seleção? Onde as organizações costumam errar a mão, onde poderiam melhorar para serem melhor vistas nessa peneira.

 

Thiago: Um primeiro ponto muito importante é a organização não se pautar exclusivamente pelo financiamento: ela tem que entender onde quer chegar. Entender as possibilidades de financiamento é importante, mas tem organização que fica um pouco barata tonta e pautada pelos editais e fontes de financiamento. Não sei se esse é o melhor caminho: olha para o financiamento, mas volta para a sua comunidade, para o seu propósito, para entender onde você quer atuar, o que topa fazer, trabalha um pouco de planejamento para ter uma base para elaboração de um bom projeto. Eu sei o que sou, sei onde quero chegar e dialogo com quem pode financiar essa caminhada. Não o contrário: olho onde tem financiamento e vou por aí, isso compromete um pouco até o propósito da organização.

 

Tem uma segunda dica que é muito simples, mas válida: é impressionante o tanto de propostas que são enviadas no último dia.

 

Roberta: Isso é tão verdade! (risos) Na vida, em tudo. Na última hora, inclusive!

 

Thiago: A gente tem um gráfico pronto em que o patrocinador vai acompanhando o número das propostas recebidas. Tem patrocinador que entra em depressão, porque o edital foi um fracasso, ninguém teve interesse em participar. A gente tem o maior trabalho para explicar que é assim mesmo, mas vai chegar. No último dia é aquela correria.

 

Roberta: O SAC fica lotado, pessoal pedindo extensão de horas…

 

Thiago: É o estouro da boiada, sai todo mundo correndo. Não é todo mundo que preencheu o sistema na última hora que elaborou a proposta na última hora, então não consigo saber se aquela formulação estava sendo bem feita e na última hora a pessoa escreveu e linkou pra dentro do sistema — o que é algo que a gente, inclusive, recomenda. Prepara fora, faz seu word, deixa tudo preparado para só passar a limpo no sistema. Mas tem gente que, claramente, deixou para última hora mesmo, foi na correria e assim, infelizmente, não vai ser a melhor qualidade da proposta enviada.

 

Outra coisa que falta: leia o edital, veja os prazos, entenda se aquela fonte de fato está alinhada com o seu propósito. Tem edital que não é para você e você acaba gastando tempo que poderia estar fazendo uma proposta melhor para outro edital que tem mais a sua cara. Acho que esse é um segundo ponto.

 

Um terceiro é que a gente precisa amadurecer muito ainda, como terceiro setor, em objetividade e clareza de quais entregas estou fazendo em determinado projeto e quanto isso custa. Não é porque é uma iniciativa sem fins lucrativos que a gente pode perder a dimensão de custos. Esse é um ponto que me incomoda muito. Vejo que, às vezes, quando você passa para fazer um debate no mundo privado, em que a empresa tem que vender o produto, ela vai fazer um cálculo para manter determinada margem e, quando a gente vai para uma planilha de projetos sem fins lucrativos, às vezes a gente se perde um pouco nisso. A gente lista tudo o que quer e depois esquece de fazer uma continha de que se eu quero isso tudo, vou atender cinquenta crianças, quanto está saindo para cada criança? Faz sentido esse aporte? Essa prestação de serviço que eu estou fazendo, sem finalidade lucrativa, ela está coerente com valores de mercado? Se essa mesma empresa fosse contratar esse serviço no mercado, seria mais caro ou mais barato?

 

Existe uma consciência de custos e um compromisso com a objetividade, com a entrega, que a gente tem que melhorar muito. E falo a gente, me coloco como parte disso, porque tenho histórico com elaboração de projetos e sei que, às vezes, é uma preocupação que fica em segundo plano. A gente, como setor social, tem que se provar todo dia, que aquele investimento que está sendo feito tem retorno, que vale a pena trabalhar com essa visão das organizações comunitárias e de impacto. Não podemos perder de vista a dimensão do valor, do custo da entrega que a gente está fazendo. É importante e, às vezes, é esquecido.

 

Roberta: Muito bom, Thiago! Quero te agradecer novamente por essa conversa esclarecedora sobre um tema que vem se mostrando cada vez mais urgente, necessário e é tão parte do dia a dia do terceiro setor. Agora, tinha mais perguntas, mas vou ter que guardar para o próximo encontro, porque chegou o momento da nossa rodada relâmpago! A gente vai testar a sua agilidade em outros assuntos! Mas não precisa se assustar, é bem simples: nós vamos te fazer 5 perguntas e você responde com a primeira coisa que vier à cabeça. Tudo bem?

 

Thiago: Vamos lá!

 

Roberta: Qual foi a sua doação mais recente?

 

Thiago: Foi um trabalho junto da Nexo e do Prosas em que a gente fez uma vakinha interna para apoiar organizações na pandemia, que estavam combatendo efeitos mais emergênciais. A gente fez uma rodada ano passado, fizemos outra no início do ano já com projeção de apoio de todo mundo para o ano inteiro.

 

Roberta: Qual é a sua causa do coração hoje?

 

Thiago: Sou pai de dois meninos e, depois que eles nasceram, me chama muito atenção a questão do acesso à creche. Então, educação infantil é um ponto. E, talvez duas, também vale, né Robeta?

 

Roberta: Vale!

 

Thiago: Me toca muito a questão do acesso à creche pelas crianças, o impacto na vida delas. Mas também pelo impacto no direito ao trabalho da mulher, tem uma questão feminista do acesso à creche, porque acaba sobrando para a mulher. A gente sabe que isso é uma realidade. E, do outro lado, na outra ponta, os lares de idosos. Acho que é uma política pouco discutida no Brasil, não tem uma política pública forte. O terceiro setor faz o que pode, da melhor forma possível, mas ainda tem que avançar muito, já que nossa população vai envelhecer muito nos próximos 20 a 30 anos. Entendo que, de pronto, eu iria nas creches e lares de idosos. São causas pelas quais tenho muito carinho.

 

Roberta: O que você doa e que não é dinheiro?

 

Thiago: Tenho uma política interna de aplicação dos meus recursos que é de contratar assinatura de jornais. Alguns jornais nem tenho assiduidade, mas acho que estamos em um momento em que precisamos valorizar a nossa imprensa mudando o modelo de financiamento. Quando a imprensa for mais financiada pela população e não por grandes anunciantes, isso fortalece a democracia. Muda o patamar do nosso debate.

 

Roberta: Que resposta linda, Thiago! To até emocionada como jornalista. Eu sei que a Vanessa que está dirigindo também, a gente é muito do apoio ao jornalismo profissional. Assino mil coisas que eu nem leio, só para ajudar. Interrompi a rodada relâmpago, mas é só porque gostei muito. Cite uma organização ou um projeto que você admira e/ou apoia. Momento de fazer um merchan influencer.

 

Thiago: Eu sou fã do Lar Torres de Melo.Um ILPI, um lar para idosos em Fortaleza que faz um trabalho fantástico e tenho o prazer de trabalhar com eles há mais de quatro anos. Foi a primeira organização que me veio à cabeça, tem várias outras, tem vários trabalhos fantásticos, mas o primeiro que veio foi o Lar.

 

Roberta: Agora, para terminar, vou te fazer um pedido: queria saber de uma história que você tenha de alguém que você já convenceu a doar. Ou, se você não tiver, faça um apelo agora, ao vivo, para convencer alguém a doar para uma das suas causas do coração ou para qualquer outro assunto.

 

Thiago: Vou emendar em uma história do Lar Torres, que até pode ser um convencimento para quem já doa. A gente tem uma cultura, no Brasil, de doar alimento, insumos… Fui visitar o Lar Torres em Fortaleza e eles estavam com a equipe de funcionários entrando em greve, há alguns anos, isso já foi resolvido. Mas estavam com o depósito abarrotado de doações. Tinha comida, mas estava faltando dinheiro para pagar o pessoal da cozinha, tinha material de limpeza, mas faltava gente para fazer a limpeza. A gente nessa de não confiar no gerenciamento do recurso, acabamos fazendo muita campanha de doação de alimento e as organizações precisam de recursos. Com recursos, elas vão saber aplicar da melhor forma para fazer o financiamento. E é mais fácil doar dinheiro, gente. Então, vamos doar dinheiro!

 

Roberta: Muito bom! Vamos confiar, vamos doar dinheiro!

 

Thiago: É isso!

 

Roberta: Amei suas respostas! Muito obrigada e volte sempre aqui!

 

Thiago: Eu que agradeço novamente o convite! Estou ansioso para sair a publicação e ver o resultado. Estou à disposição! Vamos juntos nessa caminhada!

 

Roberta: Estamos juntos! Um abraço, querido!

 

Thiago: Valeu! Abração!

 

Roberta: Artur, a gente tem falado muito de empresas e empreendedores que buscam projetos nos quais colocar seus recursos. Mas a verdade é que, com os produtos sociais, todo mundo pode investir e financiar várias organizações, ainda que aos pouquinhos, de moeda em moeda no seu dia a dia.

 

Artur: Você tem razão, Roberta. E todo episódio a Duda Schneider traz algum produto social interessante pra gente conhecer e, idealmente, comprar e apoiar.  Vamos ouvir as dicas dela?

 

Duda: Oi, gente! Eu sou a Duda Schneider e esse é o Merchan do Bem! O produto social de hoje é, na verdade, um jogo chamado Horizon Chase. É um jogo de corrida, inspirado no Arcade dos anos 80 e 90, para várias plataformas de games como Stin, Playstation, XBox… Você pode escolher a sua preferida! O Horizon Chaze é um game já muito conhecido, mas está lançando uma expansão muito especial. Ela é em homenagem ao Ayrton Sena, com o título de: Some emotions are forever. A expansão foi produzida em parceria com a Sena Brands, que é a empresa que cuida do licenciamento e legado do Ayrton Sena e possui parte da renda revertida aos programas educacionais apoiados pelo Instituto Ayrton Sena. Essa é mais uma forma de se divertir e fazer o bem ao mesmo tempo.

 

O jogo foi lançado no dia 20 de outubro de 2021, em todas as plataformas de games, e você pode garantir o seu agora mesmo! É isso pessoal, muito obrigada! E até a próxima!

 

Roberta: Artur, mais uma vez a gente encerra o podcast com conversas muito inspiradoras. Eu aprendi muito com o Raphael Mayer sobre leis de incentivo. E com o Thiago Alvim sobre a conexão entre empresas e projetos. Acho que a coisa que ficou mais comigo foi essa conversa com o Thiago em que ele falou de como a confiança é o problema central da cultura de doação. Quando você pede que os investimentos sejam feitos exclusivamente em projetos e não na organização, não um dinheiro de uso institucional mais flexível, você está dizendo que não confia no que a organização faz. Isso é muito triste!

 

Ou quando a gente vê recusa, dificuldade de doadores tanto pessoas físicas, quanto jurídicas de apoiar projetos… Ou quando as empresas preferem criar seus próprios projetos ao invés de apoiar organizações que já existem… Tudo isso são problemas de confiança que são complexos, mas apontam caminhos de onde a gente tem que trabalhar se quiser crescer a cultura de doação. A gente tem que melhorar a nossa confiança geral: uns nos outros e nas instituições.

 

Artur: Sim, acho que o Rapha e, especialmente o Thiago, trouxeram algumas questões aqui que a gente precisa ser sincero com a gente mesmo e refletir que são questões, talvez, da cultura brasileira e, no setor social, acaba sendo repetida. Então, quando ele fala que as organizações deixam para o último momento do edital a inscrição do seu projeto, aí inscreve pela metade. Parece que estou vendo o Imposto de Renda. Quando ele diz que faltam métricas, falta objetividade na prestação de contas, no projeto, na hora que inscreve. Vejo isso no dia a dia, com fornecedores, no trabalho de cada um isso deve existir também.

 

Então, acho que as organizações precisam buscar uma excelência no seu trabalho que as coloque em um lugar diferente do que as empresas estão acostumadas a ver no histórico de projetos que não deram certo. As organizações precisam começar a ser mais rigorosas, mais caxias em seus projetos, ter uma visão mais sofisticada e não repetir o modus operandi não funcional que é meio o estereótipo que o setor tem de um serviço mal prestado por algumas no passado. Está no momento de fazer essa virada.

 

Eu já fiz alguns editais junto com o Prosas. Fiz essa gestão e tudo o que o Thiago falou, vi refletido nesse trabalho que a gente teve. E acaba tendo um desperdício de tempo das pessoas envolvidas, de energia e expectativas. Porque são bons projetos, mas mal formulados, mal defendidos, escritos de forma atabalhoada e, com isso, fica difícil quando a gente calça os tamancos da empresa, considerar que vale a pena botar o dinheiro ali.

 

Roberta: É um assunto muito complexo que pode render ainda muitos episódios. A gente vai voltar a falar sobre isso de outras perspectivas. Quem tiver uma história bacana sobre financiamento de projetos sociais pode mandar lá no nosso Instagram @institutomol ou no nosso perfil do LinkedIn! Aliás, você já tá seguindo nossos perfis? Se não, vem acompanhar a gente! Tem muito conteúdo bacana rolando por lá!

 

Artur: E por hoje é isso pessoal, eu adorei esse episódio! Semana que vem tem mais! Esse podcast é uma produção do Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior. A produção é de Leonardo Neiva, e o roteiro final e direção é de Vanessa Henriques e Ana Azevedo, do Instituto MOL. As colunas são de Rafaela Carvalho e Duda Schneider, da Editora MOL. A edição de som é do Bicho de Goiaba Podcasts. Até mais!

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