Transcrição EP#52 — Matchfunding: quando a doação gera mais doação

Roberta: Imagina a seguinte situação: um projeto social está buscando apoio via financiamento coletivo e informa que a cada real captado, uma empresa vai dobrar o valor ou triplicar ou quadruplicar para ajudar a tornar esse projeto realidade. Você se animaria mais a doar se tivesse essa contrapartida? Ou uma outra situação: você tem uma empresa que decide apoiar projetos sociais, mas gostaria de incentivar a mobilização de outras pessoas também. Afinal, só você vai doar? Vamos fazer todo mundo doar na sua rede de relacionamentos! Então você lança o chamado: “se você doar, eu também doo”. Bacana, né? Hoje a gente recebe a Tati Leite, minha amiga querida, cofundadora da plataforma Benfeitoria, que vai nos contar sobre esse modelo de financiamento que envolve todo mundo na doação e multiplica os recursos que chegam na ponta.

 

Eu sou Roberta Faria

 

Artur: Eu sou Artur Louback

 

Roberta: E matchfunding é o tema de hoje no…

 

Artur e Roberta: Aqui se Faz, Aqui se Doa!

 

Roberta: Está começando mais um Aqui se Faz, Aqui se Doa, o seu podcast semanal sobre cultura de doação produzido pelo Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior, da Morro do Conselho Participações e da Ambev, além da divulgação do Infomoney.

 

Artur, a gente sabe que existem países, como os Estados Unidos, Inglaterra, que têm uma cultura de doação bem mais forte do que a nossa aqui no Brasil, né?

 

Artur: Pois é, Roberta. Essa é uma daquelas boas práticas que a gente gostaria muito que o brasileiro se inspirasse. Igual faz de ir para a Disney e comprar as roupas do Pateta… Doa, também! Se essa moda pega, hein?

 

Roberta: E por falar em se inspirar e copiar, o nosso tema desta semana tem a ver com isso. Você já ouviu falar em matchfunding? A gente foi pesquisar e descobriu que essa prática surgiu no final do século 19, começo do século 20, quando o empresário Henry Rogers financiou escolas para negros norte-americanos num modelo em que ele investia recursos conforme a própria comunidade se mobilizava para investir também.

 

Artur: Esse modelo se perpetuou entre 1912 e 1932, com o Fundo Rosenwald, que financiou mais de 5.000 escolas mobilizando as comunidades afro-americanas. E em 1954, a General Electric Foundation criou o Corporate Alumni Program, que dobrava as doações de funcionários da GE para escolas e universidades. Desde então, empresas de todo o mundo passaram a criar programas de doações nesses moldes, para incentivar a filantropia entre seus colaboradores.

 

Roberta: E olha só: um levantamento da organização norte-americana Double the Donation, que cria soluções para campanhas de matchfunding, indica que 84% dos funcionários estão mais propensos a doar quando o seu valor é dobrado pela empresa; e um em cada três doariam mais se rolasse esse “match”.

 

Artur: Aqui no Brasil, há cerca de seis anos, a gente começou a ver plataformas de financiamento coletivo lançando projetos de captação nesse formato: combinando doações de pessoas físicas e pessoas jurídicas. E parece que é mesmo um incentivo à cultura de doação: uma pesquisa feita pela Benfeitoria, uma dessas plataformas, identificou que 76% das pessoas que apoiaram projetos de matchfunding na plataforma Benfeitoria, foram influenciadas positivamente na decisão de fazer a doação justamente porque existia um “match”, ou seja, eu doou um e a empresa cobre.

 

Roberta: Nossa, eu tenho um fraco por campanhas de matchfunding, não posso ver que já estou doando, porque acho demais! É um investimento social… Quando a gente fala em finanças pessoais, todo mundo sonha com aquele investimento em que você vai colocar 100 reais e vai render 3 vezes aquilo, não sei quantos por cento do CDI, do CDB, do sei lá o que, subir 100 mil pontos na bolsa… Enfim! A gente ouve um monte de promessas tentadoras por ai e sabe que na vida real não é bem assim, mas no social isso existe!

 

Os projetos sociais com matchfunding multiplicam aquilo que você doa e fazem o projeto social receber muito mais. E isso pode ser um sinal de que existe aí um potencial de ampliar muito os valores de captação de projetos aqui no país, já que há tantos interessados em fazer doações incentivados. Mas antes da gente seguir esse papo, Artur, vamos chamar uma pessoa pra traduzir esse termo. Seja bem-vinda, mais uma vez, Rafa! Explica pra gente:o que é matchfunding?

 

Rafa Carvalho: Olá, pessoal! Bom, a gente até já falou rapidamente de matchfunding na primeira temporada quando eu disse para vocês que a gente tinha que desinglesar alguns conceitos. Mas vamos aqui pro nosso Glossário em que eu explico com mais detalhes o que é esse conceito. O termo matchfunding surgiu da junção de duas palavras em inglês: match (combinação) e funding (financiamento). Em português, também se usa o termo “financiamento misto”. Isso porque se trata do financiamento coletivo de projetos – muito parecido com o que já conhecemos, quando acessa uma plataforma para fazer uma doação -, mas combinando o investimento de pessoas físicas de um lado com empresas, fundações, institutos ou até com o poder público, do outro. 

 

A ideia é que, para cada valor doado por uma pessoa, a empresa ou organização também aporte recursos para potencializar o projeto. Em geral essa doação é 1 por 1, ou seja, se você doa R$1, a empresa também doa R$1, dobrando a captação. Mas há variações, para mais ou para menos. 

 

As empresas que querem participar desse tipo de ação geralmente lançam um edital para receber projetos de acordo com sua área de interesse e atuação (seja saúde, desenvolvimento local, cultura…), a partir disso avaliam os projetos recebidos e fazem a seleção. Depois disso, os selecionados recebem uma consultoria para criarem suas estratégias de mobilização e publicam as campanhas em um canal na internet criado especialmente para isso. Esse canal faz o match automaticamente, ou seja, o valor que a gente vê ali já contempla a doação das pessoas físicas somado à parte financiada pela pessoa jurídica. Deu para entender? Quando a meta é atingida, os responsáveis recebem o dinheiro, entregam as recompensas e desenvolvem o projeto – sem esquecer, claro, de publicar um relatório final com os resultados e aprendizados — porque a transparência sempre tem que vir em primeiro lugar. Faz sentido? 

 

Eu sou a Rafaela Carvalho e toda semana eu te ajudo a desvendar um termo importante para a cultura de doação. Até mais!

 

Roberta: Obrigada por literalmente traduzir o termo pra gente, Rafa! A gente pode dizer, então, que uma das bases do matchfunding é a união de dois públicos distintos: as empresas, fundações ou institutos, que têm mais poder de investimento e podem alavancar mais rapidamente os projetos; e as pessoas físicas, que ao apoiarem os projetos, mesmo que com pouco, mostram que aquele projeto faz sentido para uma determinada comunidade, que tem apoio do público naquela causa. Juntos, eles conseguem transformar ideias em realidade e aquele montinho em um montão de recursos.

 

Artur: Essa parceria, ainda que entre pessoas que nem se conhecem, é mesmo um grande incentivo. É o famoso ganha-ganha: as pessoas são estimuladas a fazer o seu dinheiro render mais no investimento social e para as empresas é bom, porque dá credibilidade à marca estar participando de um movimento como esse. Então, não tem por que não fazer, não entrar em uma dessa. E a gente vai trazer agora dois exemplos práticos desse ganha-ganha-ganha. O primeiro é o Fundo Enfrente, lançado em 2019 pela Fundação Tide Setubal e que no final de 2021 já estava em sua 4ª edição. Para cada R$1 de pessoa física, o fundo investe mais R$2. Ou seja, 1 real vira três doados!

 

Roberta: Só nas três primeiras edições do Enfrente, 291 projetos foram selecionados e financiados por mais de 14 mil pessoas no Brasil (eu fui uma delas) e em mais 36 países. O total investido foi de mais de R$ 9 milhões. Dá uma alegria muito grande participar de um movimento desses!

 

Artur: O Wagner Silva, mais conhecido como Guiné, é Coordenador de Fomento e Apoio a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal. Ele contou pra gente como surgiu essa ideia e qual o perfil dos doadores.

 

Roberta: O Guiné também falou sobre como essa modalidade ajuda na visibilidade e na validação das iniciativas. Você não chega de mãos vazias para negociar: já tem alguém acreditando e apoiando o projeto, e isso oferece condições para fortalecer o processo de captação de recursos. Eu falo isso como doadora mesmo, eu doei para projetos que não doaria normalmente porque não conheço nada sobre eles, mas ver a Fundação Tide Setubal bancando os projetos dá mais confiança e visibilidade para você encontrar essas jóias para apoiar.

 

Guiné: Quando a Fundação Tide Setubal decidiu criar um fomento para todo o Brasil, vimos no matchfunding uma ferramenta poderosa de mobilização de recursos. Primeiro apostamos na ideia da criação de um fundo, a partir de recursos da própria fundação Tide Setubal, somado aos recursos de outras fundações, institutos e empresas que atuam no investimento social privado, como forma de potencializar a captação de recursos de iniciativas existentes nas periferias brasileiras. Com a criação desse fundo, vimos que poderíamos apoiar um número maior de iniciativas pelo país, dando escala pro número de iniciativas apoiadas e também potencializando a capacidade de captação dessas iniciativas.

 

O fundo atua a partir da modalidade do matchfunding, então ele triplica o valor pra cada real captado pela iniciativa na modalidade crowdfunding. As doações em sua maioria são lideradas por mulheres, pessoas físicas, que contribuem com valores na faixa entre 10 e 300 reais, sendo que a maioria das doações ainda está concentrada na região sudeste do país, sendo seguida por alguns estados da região norte, como Bahia e Pernambuco. Numa leitura a partir das iniciativas apoiadas, acho que tem um ponto bem relevante, que 70% das iniciativas nunca tinham lançado, experimentado, uma campanha de crowdfunding ou de matchfunding. Então é uma iniciativa também inovadora pra essas iniciativas apoiadas, e que abre pra elas também uma outra possibilidade de captação de recursos.

 

Artur: Essa questão da validação e da legitimação que o Guiné falou também foi colocada pelo Marco Augusto, que é coordenador da Companhia Voar Teatro de Bonecos, de Brasília. A Voar criou o projeto Portal do Mamulengo, que foi contemplado pelo Matchfunding BNDES+, um programa de financiamento a projetos culturais que também investe R$2 a cada R$1 doado por pessoa física.

 

Marco: Esse tipo de campanha onde a empresa coloca uma parte do valor eu acho que é muito positivo, tanto pra quem tá fazendo a campanha de arrecadação, como também pra empresa, porque ela tem um nome divulgado constantemente, é replicado, cada pessoa que doa, cada pessoa que compartilha, cada pessoa que apoia, sabe que na outra parte tem uma empresa tão interessada como ela que aquele projeto saia do papel e vire realidade. Um modelo de apoio diferenciado, porque depende de uma aprovação popular pra isso, então ela tem um projeto que se houver aprovação popular antes até mesmo do projeto acontecer, é sinal que é um projeto que tem boa chance de ir pra frente, de prosperar.

 

Roberta: A proposta do Portal do Mamulengo é criar um acervo online de 100 brincantes e mestres do teatro de bonecos popular do Nordeste. O projeto atingiu a meta de R$75 mil, com a colaboração de 145 pessoas físicas. E o Marco Augusto também falou sobre como foi esse engajamento.

 

Marco: O teatro de bonecos tem uma relação afetiva com as pessoas, todo mundo já assistiu um teatro de bonecos numa rua, numa feira, e se identificou com isso. Então foi a partir daí que a gente elaborou o projeto e toda a campanha de arrecadação do portal. Muitas pessoas que doaram são pessoas que praticam o teatro de bonecos, fazem parte da associação. Como nossa companhia é de Brasília, a maioria das pessoas são de Brasília, os doadores, mas também muitos amantes da arte, pessoas que conhecem esse trabalho, estudiosos. Também tivemos apoiadores até da Europa, que o teatro de bonecos é um movimento mundial. A gente viu que as pessoas se engajaram, participaram, compartilharam, doaram, então a gente conseguiu chegar bem longe com a nossa campanha.

 

Roberta: Muito bom ouvir esses exemplos de dois casos envolvidos no universo do matchfunding, né Artur?

 

Artur: Com certeza, Roberta. Mas a gente quer se aprofundar ainda mais nesse tema, então convidamos uma pessoa que tem muita propriedade e que representa o que poderíamos chamar de “terceira perna” do tripé do matchfunding, que é a plataforma que é especializada em financiamento coletivo, ou seja, ajuda proponentes e investidores a colocarem as campanhas de pé. É ali que acontece, de fato, a mágica! É o meio que propicia o fluxo do dinheiro.

 

Roberta: Isso mesmo. Nossa convidada hoje é a Tati Leite, empreendedora social, cofundadora da Benfeitoria, uma das mais tradicionais dentro do campo do crowndfunding no social. A Benfeitoria já fez grandes campanhas de matchfunding que, desde 2015, mobilizaram R$ 50 milhões​​. Tati, seja muito bem-vinda ao nosso podcast, querida! Que bom te ter aqui!

Tati: Obrigada! Estou muito feliz de estar aqui!

 

Artur: Tati, pra começar, queria que você resumisse: o que uma empresa ou uma organização social que quer financiar um projeto de matchfunding… O que é e o que não é esse tipo de financiamento?

 

Tati: Para entender o que é e o que não é o matchfunding, acho que tem que dar um passo para trás e entender o que é e o que não é o crowndfunding, o financiamento coletivo. Porque o matchfunding é como se fosse o financiamento coletivo, só que turbinado. A gente até brinca que é a vaquinha mais sexy do Brasil. Você tem um projeto que pode ser de uma instituição, negócio ou pessoa que arrecada fundos no financiamento coletivo e tem, no matchfunding, algum parceiro multiplicando essa arrecadação. Às vezes é dobrando, às vezes é triplicando, depende muito do projeto, da parceira ou programa em que ele está participando.

 

Então, quando a gente está falando de financiamento coletivo, uma das coisas mais importantes que qualquer pessoa ou instituição que quer arrecadar precisa saber é que a meta de arrecadação precisa ser compatível com a rede ou com o plano de divulgação. Não é só sobre a beleza do projeto, o impacto do projeto, quão bem comunicado ele está. Ele precisa chegar nas pessoas, precisa ter esse pedido de doação e precisa que seja compatível com o poder de alcance. Então, quem está de fora muitas vezes acha que o crowndfunding veio para democratizar o acesso a recurso financeiro. Isso é verdade em parte: ele de fato dá um passo além em comparação aos outros instrumentos. Porém, isso não é uma verdade absoluta, porque tem projeto, grupos e pessoas que não têm rede e você submetê-la a um financiamento coletivo, na verdade é um desserviço.

 

Às vezes é mais fácil captar com um chapéu na mão na vizinhança, do que colocar a sua rede para entrar em uma plataforma, pagar via PIX, cartão, boleto… Você tem que ter uma rede bancarizada, tem que ter acesso a internet. Isso pode parecer muito óbvio em algumas bolhas, mas não é para muita gente no Brasil ainda. Então, o meu discurso como plataforma poderia ser: dinheiro fácil, democratização… Mas a gente tem esse cuidado de esclarecer que crowndfunding (e matchfunding) são ferramentas poderosíssimas de mobilização financeira e não financeira (vou falar um pouco mais disso), mas não é para qualquer projeto, não é para qualquer contexto. Não é à toa que agora, nos 10 anos da Benfeitoria, para além dos editais de matchfunding, a gente também está trabalhando com editais de fomento direto. Então, tem projetos que precisam de um nível de recurso que não acontecem no financiamento coletivo.

 

Então, a primeira coisa é entender a compatibilidade da meta com a rede, com o plano de divulgação. Porque, às vezes, sua rede é pequena, mas você tem acesso à influencers que vão abrir sua rede. A outra coisa é entender, e saber, articular o seu potencial de realização do projeto, convencer o doador que aquilo vai ser um recurso alocado da forma como foi divulgado. Bom, entendido que crowndfunding é muito poderoso, mas não é para qualquer cenário, você precisa ter uma meta de arrecadação compatível com a rede, posso falar de matchfunding. E aí, para os dois, tem uma questão: os projetos famosos são os milionários, mas eles representam 0,1% dos projetos de crowndfunding.

 

Roberta: Sim!

 

Tati: A maioria esmagadora, 80% das campanhas de crowndfuding e matchfunding no Brasil são até 50 mil reais, 30 mil reais, às vezes, 10 ou 5 mil reais. Então, tendo essa dimensão do esforço que é necessário para mobilizar, a gente passa para a parte boa! Crowndfunding e matchfunding não são formas fáceis de se arrecadar dinheiro, mas sem dúvida estão entre as mais poderosas de se arrecadar, porque você não só consegue o dinheiro como forma de financiamento, mas você engaja a sua rede. De 100 pessoas que entram em um projeto, só 5 colaboram.

 

Roberta: Uau!

 

Tati: Mas 50% divulga. Então, a gente tem uma série de histórias emocionantes de projetos que não captaram sua meta, mas conseguiram se viabilizar de outra forma. E quando você consegue de fato, e uma das coisas mais importantes em um programa de matchfunding, até no serviço que a Benfeitoria presta, é a parte de consultoria. Quem está fazendo o projeto sabe tudo do projeto, mas não necessariamente sabe do crowndfunding e matchfunding. É como uma vaquinha gameficada: tem regra, tem meta, tem prazo, tem recompensa… Como você usa essas regras a favor do seu projeto? É essa consultoria, esse preparo que a gente faz com quem quer captar para que eles cheguem na meta. Por isso, a Benfeitoria tem a maior taxa de sucesso do Brasil disparada desde o começo. É esse compartilhar, essa doação da tecnologia social para além da tecnologia digital.

 

Então, crowndfunding é muito poderoso, mas não é fácil e não é mágica, não cai do céu. Não existe, de forma relevante em um grupo grandioso, um número de pessoas que entra na plataforma e diz: para quem vou doar. Isso não acontece. Você tem que mobilizar a sua rede.

Artur: Tati, a gente está acostumado a ver as grandes empresas e grandes financiadores fazerem seleção de projetos sociais para apoiar, ou organizações sociais para apoiar, usando dinheiro próprio. Seja dinheiro incentivado ou dinheiro da própria empresa, chamado de “dinheiro bom”. O termo é péssimo, porque todo o dinheiro é bom, pergunta para a organização social: todo o dinheiro é bom.

 

Tati: Eu entendo, porque sou produtora cultural (risos)

 

Artur: O que a gente queria saber é: qual é a vantagem para uma empresa de apoiar um projeto usando não só o próprio dinheiro, mas também a co-participação do público, o dinheiro dos seus clientes ou do público envolvido nessa campanha?

 

Tati: Primeiro, acho muito importante esclarecer que quando tem uma instituição fazendo matchfunding, ela não está usando dinheiro do cliente ou do público: ela está, na verdade, incentivando o dinheiro do cliente e do público. Ela não está pedindo dinheiro: ela está multiplicando dinheiro. Quem está pedindo dinheiro é a instituição ou pessoa, depende do programa, que vai receber. A empresa entra com esse papel benfeitor de multiplicar a arrecadação, não é ela quem pede.

 

Quando a empresa resolve pedir, eu sou a primeira a falar: quero vender, mas vou falar não faça. Se você pedir não faz sentido nenhum, você tem dinheiro, vai você e bota. Agora, se você quer usar o seu recurso para ajudar as intituições a não só receberem ele como aporte direto, mas aprender a engajar a rede, beleza! Você tem um programa que não só vai multiplicar o teu impacto, ai sim, através do dinheiro do público, mas vai capacitar as instituições que você está selecionando a fazerem isso. Porque tem essa etapa de capacitação, o matchfunding é um programa longo, não é de prateleira. Não é fácil de vender, não é fácil de implementar. É um programa que dá mais trabalho.

 

Então, o agente de fomento que está envolvido tem um nível de engajamento muito maior do que quem está querendo uma coisa rápida, cool e rasa. Não é para todo mundo ainda. A primeira vantagem é que você, óbvio, aumenta o impacto, você capacita a instituição, mas uma das coisas mais interessantes é que você tem como curador final de um edital o público. Porque você está acompanhando o interesse e o engajamento do público. De novo, com todas as ressalvas do mundo, nunca vendo o matchfunding como a melhor ferramenta de fomento, a evolução do fomento direto. Ela tem um espaço, tudo tem um lugar no seu lugar: ela tem um espaço, fomento direto tem um espaço — eles se complementa. Mas, certamente, você gera um nível de engajamento absurdo e, aí sim, você tem a parte de comunicação.

 

Quando você faz um edital, você fala: estou convocando projetos, sou benfeitor e vou fazer essa ação de impacto. Isso é bom para a empresa. E que bom, porque ela investe mais e isso pode ir crescendo. No matchfunding, você tem um segundo momento que é não só ela convocando os projetos, mas quando os projetos são selecionados e capacitados, eles entram em campanha para mobilizar sua própria rede falando: para cada um real que você colocar, a RD vai triplicar. E isso é muito interessante para a marca. Então, o matchfunding tem a vantagem de ter o público como curador final, até como consumidor. A gente já viu vários projetos gigantescos de lei de incentivo que recebem uma bolada, montam um negócio espetacular e não vai ninguém. Não tem público.

 

O matchfunding só garante que tem público interessado, que tem interesse  pela causa, e que tem público engajado. Então, é uma forma de ajudar a tomada de decisão de onde investir. Acho que traz mais legitimidade para o apoio do lado do incentivador.

 

Artur: Tati, agora, para complicar um pouco a sua vida. Queria trazer uma pauta polêmica relacionada ao matchfunding que é: na pandemia vimos muitos exemplos de empresas ou mesmo bilionários ou multimilionários fazendo matchfunding com algumas ações ou campanhas de organizações sociais do tipo — se você conseguir arrecadar 500 mil, doou mais 500 mil, coisa desse tipo. Sendo que, se ele tem 500 mil por que não dá se as pessoas estão passando fome? Queria que você comentasse um pouco isso.

 

Roberta: É sempre aquela dúvida: qualquer doação é uma boa doação? Ou tem que ter uma ética nesse matchfunding?

 

Tati: Eu acho que não é qualquer doação que é uma boa doação. Inclusive, a gente cancelou um contrato que trabalhamos dois anos por ele, de um matchfunding que ia ser lindo, porque a gente entendeu que estava sendo usado para desviar a atenção e a gente pulou fora. Então, não acho que qualquer doação é uma boa doação. Embora qualquer doação tenha um impacto sim. Mas, eu sou do time que acho que quem está fazendo um matchfunding nesses termos que vocês estão colocando, teria muito mais facilidade de simplesmente dar. E ele tem incentivo para isso. Quando ele faz isso, ele está botando… Desculpa o termo, gente, sou carioca e às vezes sou desbocada… Mas ele está botando o dele na reta. Pode cancelar isso! Deixa eu refalar!

 

Roberta: Não, por favor! (risos)

 

Tati: Ele está escolhendo o caminho mais difícil para ele, mas mais potente para a organização. Quando ele faz isso, ele estimula a organização a buscar mais e dá um argumento adicional para conquistar novos apoiadores. Então, é muito mais fácil você doar e falar: fulano já doou tanto, quer me doar também? Isso é importante, a gente sabe quanto uma doação inspira outra doação! A gente advoga por os doadores saírem do armário e falarem as suas doações. Mas a verdade é que é muito diferente de falar: você tem várias escolhas de colocar o seu dinheiro em qualquer outro lugar, inclusive deixar no seu bolso, mas se você botar aqui, o seu impacto é dobrado. Cara, isso é um argumento muito poderoso!

 

Então, quer saber? Acho que quem faz isso corre o risco de ser polêmico, corre o risco de ter um monte de gente criticando, mas no fundo traz mais dinheiro para a ponta. E tem mais uma provocação: acho que a gente como setor, como movimento de incentivo à cultura de doação, tem que tomar o cuidado nas batalhas que a gente está escolhendo. Às vezes, a gente fica com um olhar tão conceitual, tão crítico sobre algumas coisas, que os tomadores de decisão de onde o dinheiro está começam a ficar acuados. Eu vou em várias reuniões em que as pessoas querem fazer o impacto, mas morrem de medo! Elas preferem não fazer nada! Dá menos trabalho!

 

Roberta: Sim!

Tati: Estou aqui no meu business as usual, fazendo meu negócio que é próspero, se não, não teria uma equipe pensando em fazer isso. Ele é próspero. Eu entro ou não entro? Vou entrar, mas não vou contar. Hoje, na Benfeitoria, a gente faz tanta coisa que a gente faz pouco captação. Para o ano que vem, vou me estruturar. Todo o ano, falo isso. Eu bato pouco na porta dos clientes, porque ele vem. Natura aconteceu, aí a Use bateu na porta e veio, aí a Coca Cola bateu na porta e veio, aí o BNDES bateu na porta… Sabe? É preciso ser espalhado! Se a gente começar a deixar as pessoas com medo de atuar, acaba que isso atua contra a nossa causa.

 

Roberta: Tem que ser mais didático, né? Tati, uma última pergunta para encerrar. Vocês estão comemorando dez anos esse ano, começaram quando era tudo mato e viram muita coisa mudar nesse meio tempo, especialmente nos últimos dois anos. Teve uma aceleração muito intensa no crowndfunding como tecnologia: a gente viu muito mais ONGs usando, muito mais empresas usando, por conta do combate aos efeitos da COVID. Você acha que agora esse pode ser um legado? Você acha que já pegou mais? Se não, qual é o potencial para se tornar, de fato, popular e maior? O que falta para isso?

 

Tati: Grana. Parceiros gigantes tratando isso com a robustez que isso merece. Volume de voz e narrativa. Essa narrativa de que: ajuda aqui, coitadinho…

 

Roberta: Não, né?

 

Tati: Não. Não é sexy. E vamos lembrar! Tem uma coisa que sempre falo de narrativa que é importante: ajude a ONG! Ajude a ONG? A ONG está te ajudando a poder continuar trabalhando no que você faz, sem largar tudo, sem botar a mão na massa e consertando as questões que o governo não dá conta. Então, é muito importante a narrativa, o volume e alguns vieses inconscientes. Porque a gente ainda tem muitos preconceitos que nem se toca ao falar sobre o assunto. É papo para muitos outros podcasts! (risos)

 

Artur: Excelente, Tati! (risos) Nossa, deu uma aula, deixou lição de casa para a Roberta, e sem perder a ternura! Aprendam aí, gente! Mas agora a gente não vai dar moleza não, viu Tat? Agora, a gente vai para a rodada relâmpago e são perguntas que são diretas e não podem ficar sem resposta. Vamos lá?

 

Tati: Vamos lá!

 

Artur: Vamos lá, então! Roberta começa!

 

Roberta: São 5 perguntas, respondendo a primeira coisa que vier na sua cabeça! Primeiro, qual foi a sua doação mais recente?

 

Tati: Foi para o Fundo Baobá, uma instituição maravilhosa!

 

Roberta: A minha também!

 

Tati: Sim! A gente postou no grupo! É uma instituição maravilhosa, ceríssima, que atua pela equidade racial no Brasil e que tem o matchfunding da Fundação Kelog!

 

Roberta: Um baita matchfunding!

 

Tati: Um baita matchfunding! Quadruplica a sua doação para um fundo patrimonial que garante a sustentabilidade. É um dos projetos mais completos! E ele não é na Benfeitoria, gente! Não estou fazendo propaganda própria! (risos) Foi para o Fundo Baobá que eu doei mais recentemente.

 

Artur: Muto bom! E agora vou te colocar em maus lençois: qual é a sua causa do coração?

 

Tati: Gente, a minha causa do coração, vocês vão rir de mim, mas a minha causa do coração… Que são muitas, é muito difícil falar isso, mas é a mudança de mentalidade. A mudança para um paradigma do cuidado. A gente fala muito de colaboração, do crownd, mas para mim a raiz é o cuidado. E isso é tão simples que é estranho falar sobre. Mas é o ponto de acupuntura, está na raiz da questão das doações e de muitas outras. Principalmente institucional! Então, eu venho de uma grande empresa e sonho em poder ajudar na mudança de mindset interno das grandes empresas e instituições. Essa é a minha causa.

 

Porque não adianta fazer fomento e abusar do seu fornecedor, ter esse abuso de poder, não pagar depois de tantos anos, ou pagar tantos meses depois, ou ficar negociando… São muitas questões para além da doação, então a bandeira do cuidado é a minha causa.

 

Roberta: Muito bom! E o que você doa e que não é dinheiro?

 

Tati: Tempo, conhecimento, escuta e afeto. Para empreendedoras, amigos que estão próximos e, às vezes, me meto em projetos que fico muito… Tento arrumar um tempo! Recentemente, por conta da pandemia, e com a certeza do cuidado como bandeira, eu e a minha irmã criamos um projeto chamado curadoria de curadoria de conteúdos de cura, no sentido mais amplo da palavra. A gente fez uma jornada de 21 dias com conteúdos de inspiração, respiração e piração voltada para mulheres que não tem tempo para cuidar de si. É uma tentativa de cuidar de quem está cuidando na maioria das situações. Então, é uma forma de doação.

 

Hoje não tem um modelo, pode ser que isso algum dia vire alguma coisa. Mas foi um projeto de doação muito bonito, acabou a jornada agora e os depoimentos são de arrancar lágrimas. São as formas de doação em que eu atuo para além do financeiro. Porque são 8 mil projetos que passaram pela Benfeitoria, certamente eu não posso doar para todos, mas já foram muitos!

 

Artur: Bom, mais uma complicada considerando os 8 mil projetos. Cite uma organização ou um projeto que você admira e/ou apoia:

 

Roberta: Momento para você fazer um merchan para alguém.

 

Tati: Gente, não! Posso pular? Não posso fazer merchan! Não posso, não é justo! Mas olha só, não vou fazer merchan, porque é difícil de puxar para um e não puxar para outro. Vou fazer um convite! Entrem na benfeitoria.com/todocuidadoconta e façam matchfunding para o seu dinheiro. Tem muitos projetos que trabalham com o cuidado! Estou falando que a minha causa é o cuidado coletivo!

 

Vou falar outras! Pode? Não pode, eu sei…

 

Roberta: Pode!

Tati: Pode?

 

Roberta: Você ganhou!

 

Tati: Tem a plataforma alas.org! Só projetos de financiamento de bolsas para pessoas negras em instituições top. A gente fala tanto que vidas negras importam, importar é portar para dentro. Então, a gente tem que portar para dentro dessas mega instituições caríssimas pessoas negras para aumentar a representatividade.

 

Tem muitas! Ação Cidadania, que eu mencionei aqui, nem está com captação agora pela Benfeitoria, mas você pode ajudar pelo site, pode ajudar pelo iFood, tem um monte de formas. A fome hoje voltou com um nível avassalador e a gente não pode falar de nada sem essa necessidade básica. Então… Se for editar, pode botar Ação Cidadania. É muito difícil, essa pergunta não é para mim, desculpem!

 

Roberta: Muito bom! (risos) Para terminar, queria saber se você já convenceu alguma pessoa que não doava de jeito não a doar, como você conseguiu fazer isso. Ou então, se você não tiver uma história dessas, que você faça um convite: por que as pessoas precisam doar? Quem não doa ainda, o que está perdendo?

 

Tati: Já convenci algumas pessoas, esse é o meu trabalho! Então, são 500 mil pessoas colaborando pela Benfeitoria, certamente não sou eu convencendo, mas em várias vezes atuo no um a um para tentar trazer recurso. Minha própria forma de convencer as empresas, instituições de colocar dinheiro nos projetos é uma das formas que tento mais convencer.

 

Então, vou fazer um convite institucional. Para as instituições que estão aí, acho que a gente tem a responsabilidade… Brincando com a palavra de novo: a habilidade em responder tantos desafios. Não importa qual é a sua causa, qual o seu tema, existem diversas formas de doar e a Benfeitoria pode ajudar em um programa customizado para as suas necessidades, suas demandas e possibilidades. 95% das pessoas no mundo — 85%, perdão, no Brasil, 95% estão em busca de um propósito. Essa é uma pesquisa de alguns anos, já, da organização Let’s heal que advoga que marcas destinem 1% de sua verba de marketing para incentivo a doação. E ele ainda provoca: qual a primeira marca que vai ganhar o prêmio Nobel?

 

E eu falo dessa minha causa do coração, do cuidado institucional, pelo poder desproporcional que as organizações têm. Então, você pode e deve inspirar 7 bilhões de pessoas no mundo a serem mais generosas, mas existem 300 grandes empresas que mobilizam quase tudo. Então, acho que é estratégico a gente começar a converter e mostrar a beleza disso para elas. Um ganha-ganha muito interessante. Espero que eu tenha convencido alguém de uma grande empresa!

 

Roberta: Incrível!

 

Artur: Nossa, Tati!

 

Tati: Tem vários parceiros na Benfeitoria! Tem muitas outras organizações ceríssimas trabalhando e atuando para isso que podem te auxiliar. Sei que dá medo, mas é muito potente.

 

Artur: Tati, sem palavras para agradecer pela aula toda! #melhorpessoa

 

Roberta: Muita generosidade! Muito obrigada! E tem um outro match que dá muito certo, e a gente adora, que é juntar bons produtos e uma causa! Tô falando, claro, da praia da Duda Schneider e a sua coluna Merchan do Bem! Vamos ouvir o que ela trouxe essa semana?

 

Duda: Oi, gente! Eu sou a Duda Schneider e esse é o quadro Merchan do Bem! A dica de hoje é de um produto lindo e de edição limitada: a Brastemp Retrô Pride! Em uma campanha linda chamada: o amor é retrô e nunca sai de moda, a Pabllo Vittar narra histórias de amor e orgulho inspiradas em relatos reais inspirados por seus seguidores. Para coroar a campanha, o frigobar clássico da marca ganhou a versão retrô pride inspirada em algumas das cores contidas na bandeira LGBTQIA+ e possui todo o lucro das vendas revertido para a Casa Neon Cunha. 

 

A Casa Neon Cunha é uma organização não governamental que presta serviços de atendimento psicológico, além de nivelamento educacional e articulação de redes a pessoas LGBTQIA+ e seus familiares. Você pode garantir a sua no site da Brastemp: www.brastemp.com.br! E caso tenha esgotado quando você escutar esse episódio, já vale a campanha para a Brastemp lançar o produto novamente!

 

Por hoje é isso, pessoal! Espero que tenham gostado, e até a próxima!

 

Artur: Roberta, eu gostei muito desse episódio! Fazia tempo que a gente queria conversar e agora a gente conseguiu a Tati, que é uma figura sensacional! Cada questão que a gente coloca, ela traz com um longo pensamento e não deixa sem resposta, ela se posiciona — o que é muito legal!

 

Inclusive, um deles, que eu acho muito legal é a visão dela sobre uma crítica que eu mesmo já tive em relação às ações de matchfunding, que é a ideia de: já que tem o dinheiro, por que não dá? Tem que colocar isso atrelado a uma doação individual. E a ideia de que quanto mais recursos tiver em uma campanha melhor, maior é o impacto, e, dessa forma, engajar mais as empresas para que façam mais, é uma que me ganhou! Então, passou a ser meu discurso também!

 

Roberta: Boa! Eu não posso deixar de apreciar a honestidade com que ela começou a entrevista falando sobre voltar um passo atrás e pensar no crowndfundig que não é, realmente, uma ferramenta fácil e nem é para todo mundo. E eu falo de um lugar de fala de quem já fez campanhas de financiamento coletivo, e elas são incríveis, mas são intensas, exaustivas, você precisa mobilizar muitas pessoas, são 30 dias, 60 dias ou quanto durar a campanha, muito intensos. Realmente não vai ser qualquer projeto, ou qualquer organização, em que isso vai funcionar, porque você precisa ter gente com quem conversar e para quem chamar para os seus projetos.

 

E colocar tanta energia e investimento em um canal, às vezes estrangula projetos importantes de outras áreas. Então, essa sinceridade, para mim, conta muito! Ouvir isso de uma plataforma que poderia estar preferindo vender os seus serviços e, no lugar disso, fala: espera, vamos com calma, vamos pensar primeiro se é o caso. Mas o lindo do matchfunding é que a gente escuta, às vezes, essa desculpa ou esse medo de: o que eu tenho para doar não é o suficiente, não vai fazer diferença, não é grande coisa. Isso vale para empresas ou para pessoas físicas. E pode ser muito mais quando a gente se junta! Essa é a história da MOL, a gente sempre fala do poder dos muitos poucos centavos, dos muitos poucos reais que, juntos, viram muito mais recursos.

 

Então, se a sua empresa tem um dinheiro para fazer uma doação, se você tem um dinheiro para doar, procure saber sobre os matchfundings, porque pode ser uma maneira de você fazer e chamar mais pessoas e fazer esse volume multiplicar e o seu pouco virar muito.

 

Artur: E você aí, ó ouvinte, já participou de uma campanha de matchfunding ou de financiamento coletivo? Conta pra gente lá no nosso Instagram @institutomol ou no nosso perfil do LinkedIn ou no Youtube! Conversa com a gente, que a gente adora falar sobre isso!

Se você quiser, pode madar também um email para: contato@institutomol.org.br. A gente promete que lê e responde todos!

 

Roberta: Por hoje é isso, pessoal! Semana que vem estamos de volta! Esse podcast é uma produção do Instituto MOL, com apoio do Movimento Bem Maior, da Morro do Conselho Participações e da Ambev, além da divulgação do Infomoney. Esse episódio teve produção da Mônica Herculano. O roteiro final e direção são de Vanessa Henriques e Ana Azevedo, do Instituto MOL. As colunas são de Rafaela Carvalho e Duda Schneider, da Editora MOL. A edição de som é do Bicho de Goiaba Podcasts. Até mais!

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